O maior professor do mundo

O site Khan Academy conta com 2.400 videoaulas e já teve mais de 70 milhões de visitas

por Millos Kaiser em

O site Khan Academy conta com 2.400 videoaulas, vistas por mais de 70 milhões de pessoas até agora. O próximo passo de Salman Khan, fundador e professor do projeto, é abrir uma escola física, sem turmas divididas por idade

– Mãe, não quero ir pra escola hoje!

– OK, filho. Mas então você vai ter que passar cinco horas na frente do computador.

Parece delírio de criança, mas o diálogo acima está próximo de virar realidade, graças ao Khan Academy, um site que, segundo sua descrição, “tem como missão permitir que qualquer um aprenda qualquer coisa, quando quiser, na velocidade que quiser – e de graça”. Nele estudantes ou curiosos podem assistir a cerca de 2.400 vídeos, nos quais seu fundador, o norte-americano de família bengali Salman Khan, dá lições de matemática, química, física, biologia, ciência da computação, astronomia e economia, além de um pouco de ciências sociais.

Os vídeos são intencionalmente lo-fi, quase toscos, com duração de 7 a 14 min. Com a voz em off, rabiscando fórmulas e diagramas na tela, Khan ensina, do jeito mais informal possível, tópicos que vão desde “Partes da célula” até “Provas de derivativos de Ln(x) e e^x”. Atualmente, são 2 milhões de visitantes por mês, totalizando 70 milhões até o momento. Será Khan o maior professor do mundo? Shantanu Sinha, presidente e COO do site, discorda: “Eu não diria isso. Acho que há muito mais em um professor do que apenas explicar conceitos. Não queremos substituir os professores. Queremos assegurar que qualquer pessoa tenha acesso a um direito básico, que é a educação. E os professores podem e devem usar nossa ferramenta para levar o aprendizado além”.

O momento heureca de Khan veio meio sem querer. Nadia, sua sobrinha de 13 anos que morava do outro lado do país, precisava de um reforço em matemática. O tio CDF então passou a dar alguns toques via Messenger e, quando os dois não podiam estar online, ele gravava alguns vídeos rabiscando as lições no programa Paint. Até que chegou o dia em que Nadia pediu que dali pra frente todas as aulas fossem assim. O motivo: desse jeito, ela poderia ver e rever cada aula quantas vezes quisesse. Foi quando Khan descobriu que o pior jeito de aprender é quando alguém fica ao seu lado perguntando: “E aí, entendeu?”.

O próximo passo de Khan e sua equipe de 15 pessoas é abrir uma versão física da Khan Academy. Shantanu antecipa alguns detalhes: “Queremos redefinir a experiência da sala de aula. O aprendizado será conduzido pelos próprios estudantes, sem necessariamente dividir as turmas por idade. Talvez teremos uma criança de 14 anos ensinando uma de 11. Queremos que as crianças construam coisas, como robôs, trabalhos de arte etc.”. Enquanto as matrículas não abrem, o alunado brasileiro pode esbaldar-se no site, que, Shantanu garante, em breve terá aulas em português também.

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