O Fim da Timidez

por Luiz Alberto Mendes em

 

A Timidez e o Computador

 

Há pessoas extremamente tímidas. Meu filho Renato é assim. Não chega a ser um outsider. Mas fica meio fora das conversas comuns, dos ritos sociais e conversa com poucas pessoas. Também fui um pouco assim. Tentava ser o mais discreto e falava o mínimo possível. Fazia o que tinha que fazer e caia fora.

Fui me salvar dessa timidez acachapante só quando já adulto, fui dar aulas. Em sala de aulas não é nada prático estar tímido. Mormente em uma prisão. Para tentar fazer com que os companheiros aprendessem foi preciso combinar conhecimento, cuidado e dar combate sem tréguas à ignorância.

Nem me preocupo muito com a timidez de meu filho. São outros os tempos. Ele passa o dia todo diante de um computador ou do aparelho de jogos eletrônicos em seu quarto. Tem relações pessoais via e-mails e sites com muitas pessoas de muitas partes do mundo.

Steve Wozniak, um dos criadores da Apple junto com Steve Jobs, também se afirma demasiadamente tímido. Ele acredita que o computador é o que há de mais próximo ao cérebro humano que criamos. E que no futuro os computadores nos serão amigos íntimos.

Já agora eles nos são imprescindíveis. Quase todas as evoluções da computação que ocorreram tiveram por objetivo maior inteiração entre pessoas e computadores. E essas formas de inteiração estão ficando cada vez mais humanas que as anteriores. Como seria o mundo se todos se desligassem da internet e dos celulares? Não podemos imaginar. Já não os podemos desligar; nos tornamos dependentes dessa tecnologia. Esta além de nosso controle.

Ainda segundo Wozniak, num futuro bem próximo será difícil identificar se estamos conversando com uma pessoa ou um computador. Os computadores vão permitir que possamos dialogar com eles como fossem outras pessoas de verdade. Chegara o tempo em que nosso computador saberá de nossos sentimentos, crenças, tendências filosóficas, artísticas e tudo que nos for pessoal. Será nosso amigo, trocará informações conosco, conseguirá interpretar nossa vontade e saberá do que necessitamos. Poderá, por exemplo, olhar nosso rosto e saber se estamos cansados.

As transformações que vão ocorrer nos escapam. São muitas pessoas jovens e cheias de idéias querendo explorar o que eles querem estar fazendo nesse mundo dos computadores. Meu filho, com certeza, será uma delas e naturalmente vencerá a timidez nesse processo.

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Luiz Mendes

03/02/2011.

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