Nunca nada é o bastante...
Na Verdade
Na verdade o que sou não me é bastante. Tudo isso é muito pouco. Não estou satisfeito, quero mais, vou sempre querer mais. De verdade eu prefiro tudo porque não quero perder nada. Nem uma gota. Até escolher já não importa mais. Isso porque ainda acordo de madrugada angustiado pelos sofrimentos de pessoas que sequer conheço e pelos quais nada posso fazer. E o pior é que nesse momento não consigo lembrar meus sofrimentos. Caso lembrasse poderia me considerar satisfeito com as dores que tenho. E depois, deixar as dos outros para eles, já que lhes pertencem. Às vezes me sinto como um alvo brilhante no escuro, levando bala de todo lado. Sei que a vida é perigosa, mas não consigo parar de querer viver mais fundo e sempre cada vez mais. É quase um vício incurável, uma mania. Quando preso nem sentia muito o sofrimento. Estava apenas seguindo as pedras que marcavam meu caminho. Parece que guardei a dor para quando estivesse aqui fora...
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Luiz Mendes
17/09/2011.