Nome sujo

Os automóveis continuam a ser vistos como grandes vilões na emissão de poluentes

por Luiz Guedes em

Apesar de esforços constantes, avanços tecnológicos e leis cada vez mais rígidas, os automóveis continuam a ser vistos como grandes vilões na emissão de poluentes

Se você possui um carrão e circula todo orgulhoso pelas ruas, pode ir tirando o sorriso do rosto. Aos olhos de ambientalistas, nada mais é que uma máquina poluidora. E o que você define como conforto não passa de egoísmo e falta de comprometimento com as futuras gerações. E para isso não é preciso estar em nenhum modelo superesportivo ou numa limusine. Testes recentes realizados pelo Inmetro demonstram que até mesmo pequenos mimos podem fazer diferença. Pela avaliação, um modelo popular equipado apenas com ar-condicionado e direção hidráulica emite 15 gramas de CO2 a mais por quilômetro rodado.

O fato é que, embora ainda soltem lá seus gases, os automóveis atuais nem de longe poluem tanto quanto os modelos produzidos até o início dos anos 80. Aliás, se compararmos aos aviões – os maiores vilões atualmente –, as emissões dos carros de hoje são ínfimas, a ponto de aquela clássica cena de filme com alguém morto na garagem fechada com o motor ligado tornar-se inverossímil.

Nas três últimas décadas, o cerco à poluição gerada pelos escapamentos dos carros tem se fechado com leis cada vez mais rígidas e avanços tecnológicos importantes, como a injeção eletrônica e o catalisador, que transforma boa parte dos gases tóxicos em fumaça inofensiva. Em outubro de 1992, o então luxuoso Volkswagen Santana (foto) tornou-se o primeiro automóvel brasileiro a ser equipado com ambos os dispositivos, atendendo à chamada do Proconve (programa do governo que reduziu drasticamente a emissão de poluentes em pouco mais de uma década – o limite de monóxido de carbono, por exemplo, era de 24 g/km em 1989 e caiu para 0,2 g/km em 1997).

E até mesmo a gasolina tem entrado nessa ciranda. Claro que ninguém percebeu, mas desde janeiro de 2014 o combustível mineral vendido no Brasil contém concentração de enxofre 93,5% menor. Talvez agora já dê para ligar o ar-condicionado sem peso na consciência, não?

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