Não há Limites

por Luiz Alberto Mendes em

As Pessoas

 

Vivemos lutando com as pessoas qual elas fossem nossos limites. Fugimos aos outros para preservar nossos tesouros. Como se, ao aceitarmos alguém, estivéssemos abrindo brechas em nossa defesa pessoal. Nesse caso, amar é como procurar a dor. Tanto sofremos por sermos ingênuos em nossas manifestações emocionais que evitamos nos expor.  Foram tantos abandonos e decepções que protagonizamos que parece, só isso existiu.

Mas somos imensos demais para nos bastarmos a nós mesmos. Para superarmos as contradições que nos são próprias, em vez do covarde afastamento, carecemos de mais coragem para nos aproximarmos dos outros. Assim como somos decepcionados, nós também decepcionamos. Esses são fatos de nossa condição humana. Nascemos dos outros. Aprendemos tudo (falar, comer, vestir, ler, escrever...) com os outros, mas não sabemos coexistir pacifica e amorosamente com os outros. É o outro que nos transmite a condição humana, somos herdeiros da espécie, um imenso reservatório de informações e conhecimentos.

A riqueza amoedada não possui tanto valor. Há milênios houve quem dissesse que a traça come e o ferrugem destrói. O que importa de verdade é a informação que se tem sobre nós, bons contatos e boas relações. O que fica quando morremos, além dos sentimentos que cultivamos nas pessoas? Nada. Penso no que seria de mim se não fossem aqueles que acreditaram em mim e me apoiaram em minha readaptação ao mundo. O meu limite nunca esteve nas pessoas. A outra pessoa é aquela que me chama para além dos meus limites. Nossa vida não é uma conquista solitária. Antes é uma aventura coletiva no universo.

                                    **

Luiz Mendes

06/06/2013.

 

 

 

Arquivado em: Trip / Amor