May Lindstrom

Percorrendo a Califórnia, ela fica nua na praia, na estrada e no restaurante

por Autumn Sonnichsen em

Na primeira foto que fiz de May Lindstrom, estávamos paradas no acostamento da 101, estrada que segue a costa da Califórnia. Íamos em direção norte, a partir de Los Angeles. Oito da manhã, segunda-feira. As portas do jipe vermelho estavam abertas, para protegê-la do vento, ela agachada para mijar. Os jeans rasgados estavam na altura dos joelhos e May rindo. Terminou, ficou de pé e levantou a regata cor-de-rosa sobre o peito. Sorriu, fiz uma foto e voltamos ao carro.

Nosso destino era o lago Casitas. No caminho vimos um gramado amarelo que, coincidentemente, era da mesma cor da calcinha dela. Abaixo do viaduto havia um vale cheio de pedras brancas. Ela rolou na terra por alguns minutos, de novo rindo.

À margem do lago, May colocou um vestidinho de algodão vermelho, comprado por US$ 10 na Grécia, e um par de botas com que um amante mexicano lhe presenteou anos atrás. Ela tem um fraco por latinos. May sentou-se no capô do carro, tomando vinho tinto direto da garrafa e levantando a saia. O lago se estendia por quilômetros atrás da gente e as montanhas subiam irregularmente do outro lado da estrada. Soltou o cabelo e riu ainda mais. Voltamos para o carro e a deixei dirigir. Muito rápido na direção errada.

Há incêndios por todos os lados na Califórnia. May foi até uma ravina e tocou os galhos queimados de preto através de uma cerca de arame farpado. Levantou o vestido e olhou para mim.

Paramos numa barraca de hot dog ao lado da estrada e pedimos o maior, porque não faz sentido um hot dog se você não está com fome. Custou US$ 3. Ela diz que é vegetariana, mas o comeu inteiro.

Fomos para a praia. May envolveu o vestidinho vermelho em volta da barriga. Dois minutos depois, estávamos cercadas por meia dúzia de funcionários do clube de polo próximo à praia, correndo com os cavalos pelo mar. O mais bonito (e provavelmente o mais safado), usando apenas um shortinho xadrez de algodão, a levou para passear no mar. Em Minnesota, May cresceu andando de cavalo como transporte cotidiano. Ela tem uma postura linda e relaxada no cavalo. Tem uma história que gosta de contar, de como ela nasceu num celeiro vermelho, numa cidade pequenininha num campo de margaridas. Veio para Los Angeles da mesma maneira que outras centenas de mulheres jovens e lindas do meio oeste vieram para a Califórnia: entram no carro e seguem para o oeste até chegar ao mar.

Levantou a saia no café
Ficamos no segundo andar de um hotel na 101. Quando estacionamos, o sol já estava sumindo e a luz chegava em diagonal na varanda que dava para um quintal. Assim que chegamos ao quarto, ela tirou o vestido e anunciou que ia ficar pelada até que tivéssemos de sair. Andava de um lado para o outro na varanda enquanto eu tirava fotos. Arqueou as costas e baixou os olhos, falou do corpo e das curvas dela de maneira profissional: comentou como fica tão mais gostosa quando não está magra. Falou sobre oportunidades iguais nas preferências sexuais dela e de ser modelo para artistas, tirando a roupa para pintores iniciantes do país todo, antes de ser modelo comercial. Até que mais gente começou a pagá-la, e ela pôde deixar o emprego na cozinha de um restaurante em Nova Orleans (onde era a única branca, além de única mulher).

“Sentamos numa mesa no canto e pedimos panquecas e ovos, tomando aquele café fraco dos Estados Unidos. Ela gosta de grãos de aveia, então pedimos isso também. May Lindstrom levantou a saia por baixo da mesa e puxou a gola da camisa para baixo, me mostrando o peito”

Ela pinta e fotografa, mas não se refere a si mesma como pintora ou fotógrafa. Se refere a si mesma como musa. Os olhos, do tamanho de um prato de jantar e da cor do Caribe vazio, ficam maiores e mais azuis na luz suave do sol. Quando o sol se pôs, a gente entrou no quarto, foi para a cama, tomou vinho num copo de plástico e comeu pedaços de brie debaixo das cobertas.

Na manhã seguinte, tirei uma foto dela dormindo pelada na cama ao lado da minha, os lençóis na altura dos joelhos dela. E depois acordando, se espreguiçando, olhos pesados, cabelo bagunçado, braços cruzados acima da cabeça.

Fizemos o check-out e fomos tomar café da manhã. Sentamos numa mesa no canto e pedimos panquecas e ovos, tomando aquele café fraco dos Estados Unidos. Ela gosta de grãos de aveia, então pedimos isso também. May levantou a saia por baixo da mesa e puxou a gola da camisa para baixo, me mostrando o peito, enquanto olhava para a garçonete, que estava fazendo tranças no cabelo no balcão, pelo cantinho do olho. Éramos os únicos clientes.

Fomos para a praia. May tirou o biquíni e se envolveu naquelas algas escuras cor de mostarda que crescem no sul da costa da Califórnia. Brincou no mar jogando pão para as gaivotas. Escalou uma parede de pedra só para poder ficar ao lado de uma árvore particularmente espetacular. Lá em cima, correu de um lado pro outro, levantando os braços e fazendo piruetas. Estava tão alto que não dava para ouvi-la, mas podia ver que ela ria.

Na última foto que tirei, May está deitada na areia com os braços cruzados debaixo da cabeça. A parte de baixo do biquíni está cheia de areia e o sol acabou de se pôr atrás do mar, o resto de luz tinge as pontas do cabelo dela de vermelho e há alguns montes de algas ao fundo. Eventualmente, a luz desapareceu e a areia ficou fria abaixo de nós. Subimos no carro e voltamos para Los Angeles.

Crédito: Autumn SonnichSen
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Créditos

Imagem principal: Autumn Sonnichsen

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