Maturidade

por Luiz Alberto Mendes em

Amar uma Mulher

O que seria amar uma mulher? Será que só se pode amar aquela mulher em particular ou admirar é uma forma de amar também? Confesso que amei bem poucas mulheres a esse nível pessoal. Amei-as mais no mundo, na vida e principalmente na ação. Hoje, preferiria ficasse desse tamanho. Já agora não queria conhecê-las profundamente como acabei fazendo até sem querer e sem perceber. Alias, conhecer o ser humano é ciência somente para quem possui uma grande maturidade. Caso contrário, a amargura acaba com o inadvertido que se atreva.

Eu, pobre de mim, carrego todas minhas idades anteriores junto com a que tenho agora. A especialidade de minha ex-esposa é tomar conta de bebês. Consegue ser mãe de todos os nenês que ficam sob sua guarda. As mães disputam vaga (há um número limitado que ela dá conta) para deixar seus filhos com ela. E, como minha casa é no mesmo quintal, estou sempre próximo e acompanhando o desenvolvimento dessas crianças. Sou capaz de brincar seriamente (por paradoxal pareça) com bebês, envolvido com eles em suas graças e conquistas. Sinto-me um privilegiado por esse convívio. Às vezes, porque quando eles cismam de chorar todos de uma vez, sai de baixo!

De tempos a essa parte, tenho convivido com o padrasto de minha sobrinha e a irmã dele. Têm 78 anos e 72 anos de idade, respectivamente. Acabo de vir do clube; fui nadar enquanto a tia Dilma ficou fazendo musculação. Cansei de nadar e ao sair da piscina encontrei a tia ainda fazendo barra, toda suada e musculada. Ela veio dirigindo e conversamos muito. Suas idéias são modernas, interessantes, de uma pessoa que tem uma vida pessoal e participa da vida social, uma cidadã. Encontrei em casa a sobrinha, com cerca de 40 anos e a conversa foi sobre música dos anos 80 que ela "ama de paixão", como diz. Consigo estar na idade, no nível cultural e no ritmo de cada uma dessas pessoas porque não tenho uma idade apenas, tenho todas as idades que vivi.

Por conta disso, não tenho toda essa maturidade exigida para conhecer o ser humano. Para saber, o primeiro passo é não julgar. Não ser tocado pelas deficiências, mesquinharias e fraquezas que, com certeza, iremos encontrar. Não é possível confiar, antes é preciso estudar. E eu, como a maioria das pessoas, estou tão faminto de confiança que acabo por confiar em qualquer um que me faça promessas plausíveis. Não é assim que elegemos os políticos? Nossa sede de confiança nos faz votar no idiota que nos acenam com mais esperanças vãs. Confiamos em nossos pais, em nossos filhos, na escola, no produto que a mídia nos condiciona a comprar, nas malditas autoridades, em nós também...

Em amando algumas mulheres, na convivência fui conhecendo-as e a minha curiosidade espontânea me levou a me aprofundar. Precisava entender porque elas causavam esse tumulto todo em meu ser, só por existirem e serem como são, assim belas, doces, ternas e sensuais.

 

Impossível dormirmos juntos

Ainda que ao meu lado adormeças...

 

O que soube, ao entrar na intimidade de algumas mulheres, é que elas não são assim tão melhores que os homens. Conhecê-las é parecido com caminhar em cima de cimento fresco; escorregadio, perigoso e se demorar muito, está pego! O cimento seca, a armadilha funciona, e ai? Parece que a vida sempre foi demais para elas e que nós homens precisamos de um gole a mais, logo cedo, para poder retomar. Vivem camadas sobrepostas de emoções e sentimentos. A sensibilidade vive aguçada a fim de captar cada pedacinho de emoção que possa escorrer do caldeirão delas. Toda mulher é uma fada a tecer doces filigranas de sentimentos e uma bruxa a preparar porções mágicas em seus caldeirões.

 Preferia não saber da bruxa, gostava tanto da fada...

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Luiz Mendes

09/04/2014.

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