Marina Previato
A videoartista e atriz faz arte com o corpo em seu primeiro ensaio sensual
A videoartista Marina Previato encara as câmeras em seu primeiro ensaio sensual e ganha um texto inédito de Beto Brant, seu diretor em O amor Segundo B. Schianberg.
Marina viu duendes aos sete anos. Isso não está no filme. Sei disso porque passei três semanas admirando-a pelos olhos eletrônicos, por meio de oito câmeras robotizadas espalhadas em seu apartamento. O que está em O amor segundo B. Schianberg são seus movimentos felinos, sua estratégia de aranha, sua pele de cordeiro, seu olhar de águia. É conectada com a água e com a Lua, vidros e luzes. A vida não queima, corre, deságua. Não se lembra como era sua mão dez anos atrás. Quer lembrar daqui a 50 anos como era sua pele. Mãos lindas e hábeis. Sorriso louco, paixão por jogo, raciocínio líquido, em cascata. Suas imagens de videoartista são criadas por sons, em espiral. Lambuza-se de cores. Evoca a visão, sua natureza. Sem pudor de revelar suas próprias sombras, sua pessoa abutre. Garras. Cobra que se esgueira, madrugada, atravessa o corredor, entra pelo canto na sala, sobe no sofá, passeia pelo ninho e visita o sonho do amante. Planta em sua vontade o seu próprio desejo. Quer brincar. Brinca com sua pele, massageia, revitaliza, se pinta e se enfeita para comunicar seu estado de espírito. Decompõe-se para se livrar das cordas. Vai para o meio da arena, sob o olhar de quem queira, toda a plateia, espectadores por todos os cantos da Terra, formigas. Mas quando ela interrompe por instantes a luta e aponta seus olhos para a câmera, sinto que é pra mim o seu olhar.
“Estou me curando da síndrome de precisar ser desejada o tempo todo”
(por Adriana Verani)
Recém-chegada de uma viagem pelo deserto do Atacama, na qual dirigiu um motorhome por 15 mil km, Marina Previato curte seus 26 anos. Adorou fazer seu primeiro ensaio sensual e comemora ao lado do marido, o ator Caco Ciocler, sua estreia nas telas – em O amor segundo B. Schianberg, de Beto Brant. Já foi apresentadora e diretora de arte, mas seu papel profissional preferido é o de videomaker. Abaixo, ela fala um pouco mais sobre cinema, música, corpo, desejo e de como já se apaixonou por uma mulher.
Como você acabou indo parar na vida artística?
Caí de paraquedas! Minha irmã mais velha trabalhou na MTV e tinha amigos do meio. Comecei a me interessar convivendo com ela. Antes pensava em ser advogada, mas nunca pensei muito sobre o que eu queria ser, acho que até hoje não sei direito, sempre fui muito do mundo.
E antes do filme do Beto, no que você trabalhou?
Apresentei o programa Latin America Poquer Tour na ESPN, viajando para cobrir os torneios. Fiz trabalhos de assistência e direção de arte pra curtas-metragens, e direção de arte do longa chamado O dia de ontem [de Thiago Luciano e Beto Shultz]. No filme do Beto Brant tive a chance de fazer algo mais consistente, que mistura cinema e videoarte. Nunca deixei minhas coisas autorais também, adoro pintar, grafitar, fazer adesivos pra colar na rua... mas me vejo mesmo como videomaker, e agora a experiência como atriz despertou a vontade de fazer um filme como personagem, isso se alguém tiver paciência de me dirigir...
Você namora um ator famoso. O que ele achou do filme?
O Caco foi superparceiro, me incentivando a fazer o filme se eu tivesse vontade, mas foi delicado, morei um mês na locação, dormia no apartamento ao lado do ator do filme, tive uma troca muito pessoal com o Gustavo Machado, mas eles são amigos. O Caco viu o filme, acha bonito, mas não é uma zona de conforto pra ele. Em outras coisas a gente é muito parceiro. No geral ele é muito aberto, aprendemos muito juntos.
Falando do ensaio... como é a relação com seu corpo? Do que mais gosta? Pareço livre, mas sou um pouco presa pra tirar a roupa assim publicamente... No filme tinha um contexto da arte, eu estava nua com pessoas em volta de mim, mas sem vergonha nenhuma. Agora em relação ao corpo mesmo eu implico com coisas tipo minha canela [risos]. E tenho celulite, olho no espelho e penso em malhar mais, não tomar refrigerante, mas o prazer fala mais alto. Gosto do meu peito, da minha cintura, de não precisar usar muito sutiã.
Gosta de se sentir desejada?
É um problema isso. Estou me curando dessa síndrome de precisar ser desejada o tempo todo, me preocupo menos. Acho que é porque novinha eu era muito feia.
Já havia tirado fotos sensuais antes?
Com algum namorado, talvez? Tirei com amigas fotógrafas, de brincadeira... Eu e Caco fazemos experiências de pintar um o outro, filmar, montar luz, inventar roteiro. É ótimo ter um ator em casa pra uma videomaker performer.
E qual a importância do sexo?
É água, né? Vital, muito importante. Mas uma relação não se sustenta só pelo sexo.
E você gosta de textos eróticos, por exemplo? Isso te excita?
Sim, gosto porque mexe, dá um arrepio, minha libido vai a mil! Adoro ver desenhos eróticos, filmes...
Você já teve experiência com mulheres?
Já. Mulher é foda, mas são poucas que piram minha cabeça. Me apaixonei perdidamente por uma menina que namorei, uma cantora. Descobri minha sexualidade com mulher. Quando a gente é mais criança e não sabe o que é trepar de fato, quer se aproximar, roçar, e nunca tive preconceito com isso. Tenho muito tesão por homem, tanto que sou casada com homem, mas já namorei mulher e tem mulheres que eu vejo, desejo, mas tô apaixonada, amando... se tivesse solteira e me encantasse, quisesse ficar, não teria nenhum problema. Mas prefiro transar com homem. Com mulher gosto de beijinho, carinho, pele macia, seios...
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Imagem principal: Daniel Klajmick