Liberdade, Alegria e Felicidade

por Luiz Alberto Mendes em

 

Liberdade e Risco

 

Primeiro é preciso combinar: o que é necessário para nós? Ser livre, alegre e feliz é necessário? Para mim é absolutamente necessário. Estando livre, tendo alegria e sendo possível tentar a felicidade, só preciso de força de vontade.

Mas como posso, eu que estive quase toda vida preso (31 anos e 10 meses), dizer que é absolutamente necessário estar livre? E que alegria ou felicidade poderia sentir ou viver estando preso tanto tempo?

Claro, o tempo corta como uma lâmina super-afiada. Em tudo, particularmente abstrações fundamentais à vida humana, infere risco. Risco de dor, sofrimento e morte. O medo nos paralisa. Fugimos como meu cão, Chicão, foge do banho. Tenho que pegar, como a vida nos pega, na marra. Mas passada o olho do furacão, lá estamos nós na ativa. Novamente em busca de mais um pouco de liberdade, alguma alegria e perseguindo o sonho de ser feliz. Como Chicão, com sua pelagem cheirosa após o banho.

Só que liberdade não é somente isso de ir e vir. Esse é um dos quesitos. Quando escrevo um texto, encontro liberdade ao me expressar. Quando encontro alguém que gosto, sinto liberdade em amar. Pensar é um fluir de liberdade incontível.

Há alegria em tudo. Em encontrar um velho amigo; em uma boa conversa; em andar, correr, sonhar e viver. Há alegria até na prisão porque quem esta lá não é cavalo, cão ou elefante. São humanos, esses seres únicos, capazes de rir até da própria desgraça.

Todos querem ser felizes e mesmo na prisão vivemos pequenas felicidades. Ao receber uma carta carinhosa ou a visita de um filho... Na prisão felicidade maior é o Alvará de Soltura. Mas sonhar, assim como pensar, não pode ser proibido. E sonhamos com Liberdade, Alegria e Felicidade como qualquer outra pessoa. Faz parte da aventura humana, composta de esperança e fé.

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Luiz Mendes

10/09/2011.

     

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