Jeremy Fish

Falamos com o artista plástico americano na montagem da exposição coletiva Fake Sunset

por Luiz Filipe Tavares em

No coração de Pinheiros, a galeria Logo inaugura neste fim de semana com a exposição coletiva Fake Sunset, que reúne dez artistas brasileiros e estrangeiros em torno da visão do verão eterno da Califórnia segundo o inconsciente coletivo, suas imagens, símbolos e emblemáticas alvoradas e poentes.

Com a participação de Sesper (SP), Lucas Cabu (SP), Fabio Bitão (SP), Talita Hoffmann (Porto Alegre), Anthony Nathan (Curitiba), Lucas Torres (Belo Horizonte), Alberto Monteiro (Rio de Janeiro), Aiyana Udesen (EUA), Matt Furie (EUA) e Jeremy Fish (EUA), a exposição abre neste sábado na capital paulista antes de partir para Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro e, finalmente, chegar à capital mineira de Belo Horizonte. 

Entre os dez artistas que expõe na mostra está Jeremy Fish, nome mais forte entre os estrangeiros da exposição. Seu trabalho une temáticas da street art com o ambiente de galeria e leva ao limite as técnicas de pintura, desenho e serigrafia, passando por cima de qualquer material com a mesma facilidade, independente do formato. Suas imagens evocam a inocência da imaginação de uma criança, trabalhando com símbolos e estereótipos claros para refletir questões universais da vida cotidiana. Durante a montagem da exposição, Fish conversou com a Trip e falou um pouco mais sobre o mundo de sonhos de seu trabalho.

"Da forma que eu vejo, a parte imagética do meu trabalho de fato está conectada com minha infância. As coisas que eu desenho lembram bastante o tipo de animação que eu assistia quando era garoto. Mas as histórias por trás e a inspiração para meu trabalho vem, com certeza, da minha vida adulta", explicou Fish. "Tudo serve de inspiração pra mim. O que acontece comigo, o que acontece com meus amigos, interesses românticos... Eu penso em uma história e recorro a essa forma mais infantil de colocar os símbolos, especialmente usando os animais como metáforas. Uso os animais do mesmo jeito que sempre usaram. A coruja representa o inteligente, a raposa representa o trapaceiro e assim por diante."

"Os artistas e o público têm que se conscientizar que uma obra tem que ser medida pelo valor de se olhar para ela, não pelo valor do preço em um leilão"

E apesar de usar referências recorrentes, o trabalho de Jeremy Fish está entre os mais originais da arte contemporânea. Respeitado em diversas frentes, tanto no street art como no circuito mais conservador de galerias, o artista tem uma ética de trabalho bem simples e que, com muito esforço, colocou seu nome entre os artistas mais bem cotados de São Francisco dentro de sua geração. Originalidade, contudo, não é o suficiente sem trabalho duro, como o próprio explicou durante nossa entrevista.

"Quem quer sobreviver no meio da arte, acima de tudo, tem que ser original. É o que eu digo para qualquer jovem artista que vem falar comigo sobre sua carreira. Se você imita alguém ou mostra as suas principais influências muito claramente, você já perdeu o jogo. É preciso também trabalhar. Eu conheço um monte de outros artistas que são mais inteligentes e talentosos do que eu, mas eles são preguiçosos. Por isso, nunca vão chegar a lugar nenhum. É preciso trabalhar e ser grato a todo instante por poder ter uma profissão como essa."

"Quem quer sobreviver no meio da arte tem que ser original. Se você imita alguém ou mostra as suas principais influências muito claramente, você já perdeu o jogo"

"E, claro, tem o problema do dinheiro", continuou Fish. "Na arte é muito difícil desvincular a ideia de valor da ideia de dinheiro. Os artistas e o público têm que se conscientizar que uma obra tem que ser medida pelo valor de se olhar para ela, não pelo valor do preço em um leilão. Sei que é uma questão idealista, pouco realista, mas é a verdade. O dinheiro é definitivamente a pior parte do mercado da arte e isso se reflete entre os artistas de hoje e de ontem."

Vai lá: Exposição MCD Lab # 3: Fake Sunset
Quando:
de 30 de julho a 27 de agosto de 2011
Onde: Galeria LOGO - Rua Artur de Azevedo, 401, Jardins - São Paulo/SP
Quanto: Grátis
Informações: www.mcdbrasil.net/mcdlab

Próximas paradas:

. Porto Alegre (Galeria FITA TAPE) - De 14 de agosto a 11 de setembro
. Curitiba (Galeria Lúdica) - De 27 de agosto até 17 de setembro
. Rio de Janeiro (Homegrown) - De 16 de setembro a 15 de outubro
. Belo Horizonte (Galeria Desvio) - De 8 de outubro até 5 de novembro

Veja abaixo trecho da entrevista de Jeremy Fish na montagem da exposição:

Crédito: Luiza Só
Crédito: Fábio Bitão
Arquivado em: Trip / São paulo / Arte