Grandes Mulheres

por Luiz Alberto Mendes em


Há um mito de que as mulheres são mais fracas que os homens. É óbvio que a constituição física masculina é um tanto quanto mais fortalecida. Sim, temos o corpo mais forte. Mas não tão mais resistente. Fica evidente também que há dores femininas que nós homens não suportaríamos. O parto mesmo, se fosse possível. Sim, poderia acontecer uma vez por desaviso, inexperiência; mas nunca mais iríamos aceitar aquela dor toda, novamente. Há condições na mulher que para nós homens seria quase a morte (já pensou sangrar de 3 a 4 dias, todos os meses?).

Falamos muito da dificuldade da mulher em tomar decisões. Até ao dirigir um carro elas manifestam essa indecisão. Mas não é fraqueza. Nós homens, temos uma visão global das coisas, a mulher observa detalhes. É mais ponderada, pensa mais opções e por isso se demora mais para optar por uma única decisão, diante de tantas. O homem, com seu raciocínio lógico e prático, certo ou errado, fecha questão e resolve de imediato. Mas nem sempre é a melhor opção; erra muito para acertar poucas vezes.

Dentro do campo da filosofia, até o século passado, a mulher sequer figurava nas diversas correntes de pensamento. Os antigos destacam Aspásia como uma mulher com dotes filosóficos. Mas é só. Provavelmente existiram várias, mas a história é sempre contada pelos vencedores e o homem sempre venceu. Conheci e conheço mulheres muito mais fortes e inteligentes que a maioria dos homens. E sou fã incondicional de cada uma delas. Sei lá porque, sou muito próximo daqueles que, quase sem energia e lutando contra forças poderosas, enfrentam e ás vezes até vencem. O resultado não importa; não existem caminhos, apenas o caminhar que descobre por onde passar. É força de vontade delas que me impressiona.

Por exemplo, amo Simone de Beauvoir, estudei francês sozinho (tanto que não sei falar ou ouvir) para lê-la no original. Claro, amava Jean Paul também, esse seu companheiro que teve a coragem de aceitar sua liberdade de ser. Para mim eles eram o casal ideal, como eu gostaria de viver com uma companheira. Embora eu não possua a coragem de Jean Paul Sartre para viver tamanha liberdade. Há livros dela, como "Os Mandarins" que ficaram tatuados em minha alma. Mas "O Segundo Sexo" é um dos livros, para a época e até para agora, mais corajosos que já li. É a partir dele que inicia-se o feminismo, a valorização da mulher.

Podemos falar da pequena grande Hannah Arendt e sua coragem de enfrentar as tradições de sua origem judaica em nome da verdade. Hellen Keller e sua professora Anne Sullivan conseguiram, com amor e cuidados, revelar ao mundo um ser humano que nasceu fechado para o mundo (Hellen nasceu  cega, muda e surda), em uma escritora e palestrante de nível internacional. Podemos falar de George Sand, essa mulher que adotou nome masculino para vencer em território que até então era de domínio masculino e virou um clássico da literatura mundial. Ema Thompson e Bethe Fridman, grandes almas que dedicaram suas vidas e capacidades para libertar a mulher do julgo masculino. Podemos destacar também Anne Bessant e Madame Blavastky, como grandes desbravadoras de conhecimentos ocultos.

No Brasil temos grandes mulheres também, como não poderia deixar de ser. Marilena Chaui, essa filósofa combativa; Ruth Cardoso, grande antropóloga. Estava a vários degraus acima em termos de humanidade, inteligência e dedicação aos menos favorecidos que seu marido, que chegou a Presidente da República. Todos que a conheceram são unânimes em dizer que ela tinha muito mais condições de assumir esse cargo que o marido. Poderíamos falar da bondade e empenho em prol daqueles que sofrem de Silvia Arns, irmã de nosso grande Arcebispo Dom Paulo Evaristo. Temos Anais Nin, Pagu, Raquel de Queiroz, eu colocaria também Martha Suplici, Benedita da Silva, Dilma Rousset e tantas outras que ficaria injusto falar só dessas mais conhecidas, então paramos por aqui.

Conheço mulheres que não foram assim destacadas, mas que são tão poderosas quanto. Algumas delas aparecem nas páginas do Facebook e podemos percebê-las manifestando-se sempre que há alguma causa justa e humana nas redes. São pessoas cheias de vida e responsabilidades, que se esgotam em idéias e ideais e que principalmente amam, amam, amam de toda alma e todo coração. Foram elas que me ensinaram a sentir, a amar e respeitar todas as outras mulheres. A elas minhas homenagens e todos meus sentimentos de admiração e respeito.

                                             **

Luiz Mendes

04/11/2014.

 

    

Arquivado em: Trip