A minha convicção hoje, depois de 63 anos vividos de duros sofrimentos e imensas alegrias, é que antes de tudo devemos nos ajustar com as pessoas. Já quis ser isso, ser aquilo, inclusive escritor. Hoje quero apenas ser esse sujeito que se dá bem com as pessoas. Alguém necessário para os outros, alguém cuja existência faça bem aos outros. Conheço-me bem demais para ter alguma pretensão a ser bom ou correto. Não, eu não sou bom e muito menos correto. Estou sendo Luiz: Luiz Alberto Mendes Junior. Alguém que deseja sorrir para quem estiver triste e dizer que tristeza não paga a pena, porque já perdi muito tempo em minha vida sendo infeliz e jamais resolveu nada. Quero abraçar, fazer com que as pessoas sintam o meu calor humano, o meu desejo sincero de que estejam bem. Quero deixar de lado todas as defesas, que jamais me defenderam de coisa alguma, porque sofri e sofro minhas consequências e o que havia em mim a ser sofrido. E dizer: vamos viver agora, vamos deixar as dores do passado para o passado porque passado nem existe mais. E vamos deixar de viver para o futuro e viver nosso momento porque futuro também não existe. Tudo o que existe de fato é esse instante que estamos aqui, eu e vocês. São meus sentimentos que impregnam o que escrevo e que carregam para todos os momentos de quem for ler do que estou tentando dizer. A minha vontade imensa é que todos tenham paz e se sintam pacificados para entrar nas lutas do dia a dia com toda a força que forem capazes. Que suportem os apertos das conduções para o trabalho, o empurra-empurra, com bom humor; todos temos hora para chegar e em geral, estamos atrasados. Um bom dia sorridente ao chegar, e ânimo para as dificuldades do trabalho porque é dali que sai o leite das crianças.
Nossos sucessos e fracassos são duas faces de uma única moeda; todos nos levam a aprendizados e não merecem nossas tristezas e sim nossos agradecimentos. Não existe uma sociedade como se apregoa. Existem apenas seres humanos motivados por suas necessidades, conflitos e todas as contingências que provocamos, além das naturais. E esses somos nós abafando o som dos carros nos nossos ouvidos. Vivemos no coração de um mundo sem coração e tudo nos traz um aperto no peito. Às vezes sentimos moverem-se em nós forças superiores às nossas e um vazio palpável ameaça romper com nossos ossos. Mas isso é exatamente o que os outros também sentem. A dor é a maior de todas as semelhanças humanas, onde podemos nos reconhecer como iguais. Pensando em cuidar de nossos males, descuidamos do bem dos outros. E assim nos tornamos vulneráveis, sem armas para combater as incertezas que nos cercam. Buscamos segurança e proteção além daquelas que nós mesmo podemos nos dar e assim cedemos em nossas liberdades. Precisamos, antes de tudo, encontrar razões para estarmos juntos, cuidar das pessoas para que elas se tornem importantes para nós. Não podemos somente gostar das pessoas que são como nós, isso afrouxa as fibras do tecido social. O diferente, o diverso, sempre têm algo mais que nos oferecer. E, o segredo é gostar por gostar, amar por amar, não esperar trocas porque elas criam expectativas que as pessoas não são capazes de preencher. Gostar e amar já nos é suficiente, já nos preenche de todo sentido que a vida possa nos exigir.
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