Futuro do passado
Ex-Moloko volta com um álbum que vai do retrô ao experimental
Não parece, mas Róisín Murphy já foi cantora do Moloko - dupla que ficou conhecida pela trilha sonora de um comercial da Levi's. Se na banda que ela teve com o produtor Mark Brydon o carisma superava o experimentalismo, agora é o contrário.
Ruby Blue tem uma base sólida de disco music e soul do fim dos anos 70, mas é bem mais ousado que o Moloko. Murphy não pensa duas vezes: um timbre estranho vale mais que uma melodia repetitiva.
Mesmo assim, o pop continua presente, como em "Show Into You", "Dear Diary" e "Closing of the Doors" - que poderia estar até num disco de Diana Krall. Mas o destaque vai para a faixa título, um blues todo torto, com direito a baixo distorcido, muito ruído, alguma influência de música latina e vocais que parecem ironizar os de Macy Gray.
Parece estranho? É estranho.
A parceria com o estreante e já conceituado produtor e jornalista Matthew Herbert deu ao álbum um ar ao mesmo tempo retrô e totalmente contemporâneo. Não soa a revival, e sim a uma reapropriação de estilos.
Quer um exemplo? Uma simplificação de um tema jazzístico, como "Night Of The Dancing Flame", é tocado literalmente com sons de curtos-circuitos e sintetizadores.
Você vai poder ouvir o experimentalismo de Murphy e Herbert ao vivo. A cantora está agendada para tocar no Brasil no fim de setembro, durante o Nokia Trends, no Rio de Janeiro.
É uma oportunidade de entender melhor por que ela vem declarando que não volta mais ao Moloko. Se continuar lançando discos como esse, a banda não fará falta mesmo.