Funcionárias do ano
Mais uma vez deixamos o egoísmo de lado e mostramos a beleza de nossas colegas na Trip
No dia a dia, elas fazem a editora funcionar sem perder o charme e ainda tornam nossa rotina mais agradável. uma vez por ano, emprestam seu frescor e sua sensualidade para nossas páginas. Pela décima vez, Trip revela a beleza natural das mulheres que trabalham logo ali na mesa ao lado. Com vocês, Ana Paula, Ana Reis, Cárita e Jéssica
Dostoiévski dizia que a beleza salvará o mundo. O texto bíblico “Cântico dos cânticos” fala do risco que é despertar o amor do seu sono, pois ele, sendo uma centelha de Deus, pode ser um inferno. O nome desse inferno é desejo. Platão no seu diálogo O banquete, nos diz que Eros, esse semideus apaixonado, tem por destino buscar a beleza no mundo e multiplicá-la infinitamente. Filho do deus Poros (abundância) e da mortal Penia (carência), Eros foge da falta que sente e se move em direção à beleza que pressente no mundo. Isso é a vida de Eros: aspirar à beleza.
Quanto blablablá! Esqueçam a filosofia, estou aqui é pra falar como é bom ter mulheres lindas ao nosso redor. Neste caso, a beleza tem nome próprio: Cárita, Ana Paula, Jéssica, Ana Reis. Isso sim é erotismo. Dostoiévski, Deus e Platão são o máximo, mas, diante de um par de pernas cruzadas em minha sala, esqueço meu cérebro, e me concentro em conseguir ver, de relance o que essas pernas cruzadas escondem.
Enfim, da filosofia ao cotidiano, a beleza nos move. Nós, meros mortais, respiramos melhor quando cercados de ar puro. Para nós, homens que adoramos as mulheres, viver cercados de mulheres bonitas é a melhor forma de respirar. Por isso, que elas invadam o mundo.
Não sei se a beleza salvará o mundo, nem se o amor ou desejo são centelhas de Deus, mas sei sim que uma mulher bonita salva meu dia. Em meio a um cotidiano em preto e branco, uma deusa me lembra que, se vou retornar ao pó um dia, não é hoje esse dia e por isso ainda tenho tempo de convidá-la pra jantar.
SELEÇÃO NATURAL
Existem umas chatas por aí que dizem: “O problema não é o homem, mas o macho; matem o macho no homem!”. Eu diria que se matarmos o macho no homem morre o homem com ele, e sem ele restarão apenas as chatas caminhando num deserto de chatas. A espécie, depois de milhares de anos de sucesso, graças ao desejo pela beleza da mulher, encontrará sua extinção. Por isso é essencial que a beleza feminina mantenha sua liberdade e ande pelos corredores em seus saltos altos e saias curtas. Essas chatas querem nos condenar ao silêncio. Mas, eis que, de repente, um milagre: sem querer, a blusa está desabotoada! Ainda bem que as deusas são nossas aliadas.
Inteligente, boba, ingênua ou canalha, casada ou solteira, tímida ou falante, responsável ou preguiçosa, loira, morena, japonesa, índia ou negra, todas encantam o mundo.
Tédio e beleza se misturam na alma feminina. Grande parte do mistério feminino na literatura tem sua raiz nesse tédio, como se a beleza fosse, muitas vezes, um fardo a ser carregado. Nós homens, que adoramos as mulheres, somos aqueles escolhidos, graças a Deus, para ajudá-las nesse fardo.
Dizem que as mulheres são eternamente insatisfeitas. Ainda bem. Quero-as sonhando com a beleza eterna refletida na própria imagem no espelho. Quero-as de manhã paradas na frente do armário, ainda com sono, pensando como atormentarão seres como eu. Quero-as apressadas, agoniadas, atrasadas, falando no celular e estacionando o carro. Quero ouvir seus passos se aproximando, na sala ao lado. Quero-as no espelho, pintando a boca de vermelho, vestindo um vestido preto. Quero essa boca vermelha me dizendo: “Bom dia!”.
*Luiz Felipe Pondé é filósofo e colunista da Folha de S.Paulo
Trip Girls
(por Ariane Abdallah)
Ana Paula da Luz, 23 anos, copeira
Incumbida de manter cheia a garrafa mais cobiçada da editora, ela transita pelas salas de reunião com bandejas de café, gestos comedidos e boca fechada. Poderia nem ser notada, não fosse o corpo esguio e os dentes brancos a saltar dos lábios grossos. Mas na cozinha, seu território, a cena muda. Lá, Ana Paula brinca, ri alto e fala firme com o marido pelo telefone. Paulista do interior, acredita que este ensaio possa lhe “abrir outras portas”. Há cinco anos, engravidou de Kauan e deixou a casa da mãe, empregada doméstica, aos 18. Durante os nove meses em que o marido, metalúrgico, ficou desempregado, sustentou o cômodo em que moravam com um salário mínimo. Foi camareira e doméstica antes de chegar à Trip. Hoje vive num apartamento no Alto da Boa Vista (zona sul de São Paulo) e repete várias vezes que, em sua vida, “é tudo bom”.
Cárita Negromonte, 26 anos, revisora de texto
Apesar de este ser seu segundo ensaio, Cárita não descruza os braços quando está sem blusa. “Sou tímida até com meu namorado”, defende ela, que precisa pensar antes de responder por que aceitou o convite. “É para eu me ver bonita”, garante. No último ano de letras e responsável por encontrar erros de português nos textos da revista, seu visual dark chama a atenção quando ela passa encolhidinha pelas redações. O hábito de frequentar shows de punk e hardcore não combina com os traços delicados e a voz baixa. Criada pelo pai, artista plástico, à base de música, literatura e filmes de horror, quando criança – nascida em Campinas e criada em Jundiaí (ambas em SP) – brincava com punhal e canivete automático com os três irmãos. Aos 6 anos, se apaixonou pelo clipe do Ramones na sala de casa. Não à toa, uma de suas sete tatuagens é a palavra “família”.
Ana Reis, 30 anos, produtora de casting
Com batom vermelho, olhos verdes e figurino de pinup, Ana nunca passa despercebida. Pela segunda vez no ensaio das funcionárias, ela se sentiu mais segura para repetir a dose porque sabe que a Trip prima pelo “belo, sem cair no vulgar”. Entre o ensaio de 2006 e este, ficou dois anos sem posar. “Não queria fazer carreira de Trip Girl. Mas resolvi fazer de novo porque, afinal, beleza é uma coisa transitória”, analisa. Quer também “deixar de ser criança”. “Cansei!”, desabafa, referindo-se ao jeito possessivo e ciumento. Paulistana e filha única, Ana sempre morou com a mãe, médica. “Quando eu tinha 10 anos, já ficava sozinha em casa”, conta ela, que recentemente, sem companhia de ninguém, passou férias na Europa e bateu à porta da casa de Amy Winehouse. Ouviu da cantora: “Quero um beijo”. Ana, então, a encheu de beijos (no rosto). Mas na hora de terminar a tatuagem que ocupa as costas inteiras, não tem a mesma coragem. “Não aguento a dor!”, confessa.
Jéssica Oseki, 23 anos, assistente de tráfego comercial
Ela foi uma das revelações do ensaio de 2007. Trabalhava na recepção e, quietinha, era vista apenas atrás do balcão. De lá pra cá, terminou um namoro, começou outro e mudou de departamento – agora checa se está tudo OK com as imagens dos anúncios das revistas da editora. O corpo também mudou. Em dois anos, engordou 5 kg, com uma dieta que leva chocolates, Doritos e Coca-Cola. “Sou besteirenta mesmo. Estava me sentindo mal com meu corpo, então resolvi fazer as fotos. É legal para o ego”. Acaba de se formar em jornalismo, mas não quer seguir carreira. “Não tenho paciência para lidar com algumas coisas. Se um cara perdesse o respeito, não conseguiria ficar quieta”. Descendente de japoneses, Jéssica gosta de tudo certinho. Nunca tomou um porre nem mentiu para os pais – que assinam embaixo da ousadia da filha.
Agradecimentos Pousada 4 luas - www.pousada4luas.com.br e Hotel Gran Roca - www.granroca.com.br - (11) 4414 7777
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Créditos
Imagem principal: Marcio Scavone