Festa do Pijama

Esqueça as matinês que você conhece. As festinhas não deixam nada à dever às baladas pra maiores

por Diogo Rodriguez em

Esqueça as festinhas e matinês que você conhece. Nada de timidez, meninos de um lado, meninas do outro ou música lenta. As festas do Circuito Bubbaloo, nas tardes de sábado, são dignas (e vão além) das melhores baladas só para maiores.

No auge da Festa do Pijama, a matinê que a Trip acompanhou, a cena era a seguinte: em grupos de cerca de dez pessoas, os jovens dançavam funk se esfregando nas amigas, nos amigos, em quem estivesse por perto. O centro das atenções agora era o palco, lotado, que abrigava a maioria das pessoas com pouca roupa da festa - seis garotos sem camisa,  duas meninas de calça jeans e sutiã, girando suas blusas com as mãos. Fazer performances de pole dancing não era exclusividade do sexo femino. Na pista se via garotas vestidas com shorts curtíssimos, algumas só de calcinha, meias sete-oitavos, um rapaz vestindo cueca boxer. A festa do pijama por pouco não vira festa do cabide.  MC Copinho bombava nas caixas de som dando o tom: “vou botar na sua garagem”.

Fiel ao espírito das matinês, a “Bubba” - como é chamada pelos habitués – começa sempre às cinco da tarde e termina às dez da noite, aos sábados.  Foi criada há cerca de dois anos para atender a um público jovem e “alternativo” que “não tinha opções de diversão”, conta  Miguel Jacote, 19, um dos organizadores da festa.  Nas duas ocasiões em que a reportagem do site da Trip acompanhou a Bubbaloo, o cenário era parecido; cabelos desfiados, muitos piercings e tatuagens, roupas nada convencionais e diversidade sexual. Meninos que parecem meninas, meninas de mãos dadas com meninas.

Uma das figuras que mais chamava a atenção na pista “batendo cabelo” (balançando freneticamente a cabeça) era Paris, 18. Vestido com uma calça apertada, colete e com cabelos loiros chanel, seu “nome da noite”, como ele mesmo diz,  é uma homenagem à socialite Paris Hilton. Acompanhado por duas amigas, ele contou desinibidamente que é gay. Ao lado dele, Nádia Machado, 16, confessou um pouco constrangida que  beijou meninas “várias vezes”, mas que gosta mesmo “é de homem”. Na pista, dois garotos de calça jeans e moletom dançavam agarrados, na iminência de se beijarem e com as mãos nos bolsos de trás um do outro.

Mas nem todo mundo ali está interessado no mesmo sexo. Há garotos mais “tradicionais”, como um grupo que conversava perto da porta do clube, antes de a festa começar. Um deles, de 17 anos (que não quis dar o nome), contou que arranjou uma namorada na matinê. “Eu tô namorando uma mina do rolê, tá aqui. Conheci ela na internet, no Orkut. Estamos aqui todo sábado”, diz ele, ostentando um cabelo comprido, desfiado e aloirado nas pontas. Além do visual peculiar, os frequentadores da “Bubba” têm em comum a internet. Muitas vezes, as pessoas se conhecem antes na comunidade da festa no orkut, para depois conversarem ao som de rock, funk e pop.

Apesar de ser voltada aos menores de dezoito, eles não são os únicos frequentadores. Lá dentro, só maiores de idade podem comprar álcool, mas do lado de fora do Ocean Club (local que hospeda a festa), uma ambulante estacionou um isopor sujo com os dizeres “batida, breja, vinho”. Na mesma calçada, um grupo de três garotas sentadas na sarjeta tomava vodca direto da garrafa. O álcool, porém, não parece ser o combustível para a empolgação. Em nenhum momento da festa o bar ficou cheio e se via poucas pessoas com bebidas nas mãos.

Depois de uma sequência matadadora com Lady Gaga, Britney Spears, Katy Perry, Sylvetty Montilla e MC Copinho, a pista ainda fervia. A reportagem da Trip foi embora da Festa do Pijama pedindo licença a duas garotas com não mais de 16 anos. Elas estavam na porta, ambas de pijama – blusinha e shorts curtos, claro - uma de salto alto, a outra com pantufas de vaquinha. Algo paradoxal, mas que faz sentido na Bubbaloo.

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