Família Moderna

por Luiz Alberto Mendes em

 

 

A família extensa, de tios, primos e parentes é uma das mais angustiantes heranças de nosso passado. Muitos se apegam a esse conceito qual ele fosse determinante na formação moral do ser humano. Nossos exemplos, humanos que somos, sujeitos a falhas e defeitos, na maioria das vezes, são ensaios e erros que de vez em quando dão certo. Educamos mal, quase sempre não sabemos nada do que estamos ensinando. Mimamos ou somos secos demais, superprotegemos ou damos liberdade demais. Ainda estamos longe do equilíbrio necessário. Embora a educação seja uma obrigação dos pais, a deseducação pode também vir das famílias. Outros buscam segurança e tranquilidade na família. Esquecendo-se que segurança e tranquilidade é algo a ser construído por dentro e que não vem do exterior a nós.

Creio que a idéia de família, em parte, desumaniza o que há de humano nas relações. Não se constrói amor pelo próprio ser amado. Tem-se o dever de amar e, na verdade, não se ama coisa alguma, na maior parte das vezes. O amor surge da admiração e da espontaneidade. Amar pai e mãe não pode ser obrigação sagrada, absoluta. Claro que o respeito e o cuidado sim é uma obrigação. Devemos cuidar de quem cuidou de nós. Amar é natural, um simples e imediato sentimento de ternura e amor.

Com o parceiros de casamento temos o dever conjugal. Mas como assim? Somos tão parcos de amor que precisamos nos sentir obrigados? Até a pouco tempo existiam leis que puniam pessoas que cometiam adultério. A intimidade das pessoas não tem nada a ver com as leis ou com as pessoas que não participam dela. Na minha opinião, o amor entre os casais necessita ser uma deleitosa e apaixonada doação de si para o prazer pessoal e do parceiro. Muito do que unem os casais são os costumes; adaptação de um ao outro e a vontade de que as coisas dêem certo. Suporta-se vícios porque existem virtudes também.

O desejo e a vontade de outros acontecimentos e aventuras existem em cada um de nós. O flerte é natural. Todos nós gostamos de ser admirados, queridos e temos tipos que nos atraem e com os quais flertamos de alguma forma. A fidelidade precisa existir de dentro para fora, uma opção profunda em nome do coração e da razão. Embora o ideal fosse desvincular a sexualidade do casamento; a união entre duas pessoas deve esta acima de suas atuações e vontades sexuais. Um sentimento mais sério e profundo e que se relacione a afinidades e ideais comuns.

Ainda bem que isso de família extensa esta acabando. As “famílias” agora são nucleares: pai, mãe e filhos e todos querem ter seu espaço familiar. Quem casa, quer casa. Já existem famílias homoafetivas que vão quebrando os tabus e os impedimentos que restam. Família deve ser opção e morar juntos afinidades emocionais, intelectuais e vontades pessoais. O sexo e as opções sexuais devem estar à parte, cada um deve escolher como, com quem e o que fazer. Os filhos? Também os filhos já são opcionais, para quem deseja, tem capacidade de criar e educar. Seremos família com nossos amigos e afins até que tenhamos condições de ver e sentir a humanidade inteira como nossa família.

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Luiz Mendes

29/01/2015.

                                            

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