Este país é uma montadora

5.2% do PIB nacional e outros número assombrosos ligados ao carro no Brasil

por Arthur Caldeira em

5,2% de todo o PIB brasileiro vem da indústria automotiva. E esse não é  o único número assombroso ligado ao carro no Brasil

A indústria automotiva nunca vendeu tanto no Brasil. Mais de 3,5 milhões de veículos novos ganharam as ruas no ano passado, um recorde que colocou o país no posto de quarto maior mercado mundial de automóveis, atrás apenas de Japão, Estados Unidos e China. “A indústria automotiva acompanha o movimento da economia”, explica Luiz Carlos Mello, presidente da Ford na década de 1980, atual coordenador do CEA (Centro de Estudos Automotivos) e professor de pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas. “Cerca de 115 milhões de brasileiros chegaram à classe C, e o grande desejo deles é comprar um carro”, conclui Mello.

Com uma cadeia produtiva complexa, que envolve diversos tipos de matéria-prima – da borracha ao aço, do plástico a circuitos impressos –, a produção de automóveis é responsável por 22,5% de toda a riqueza gerada pela indústria nacional. Ou 5,2% do PIB nacional. Mas sua influência vai além. De acordo com estimativas da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos), 
250 mil empresas têm atividades de alguma forma ligadas à indústria automobilística. Começa na matéria-prima e nos fornecedores de peças e componentes, passa pelas montadoras, rede de distribuição e alimenta uma infinidade de serviços automotivos – oficinas, seguradoras, postos de combustível e flanelinhas, por exemplo. O que resulta em cerca de 1,5 milhão de empregos diretos e indiretos.

O resultado desse crescimento econômico e o consequente aumento do uso de um meio de transporte individualizado é uma via de mão dupla. Pelo cenário de hoje, o poder aquisitivo aumenta, vendem-se mais carros, mais riquezas são geradas e começa tudo de novo. O que faz os fabricantes acreditarem que os resultados podem dobrar. Para a Anfavea, até 2020 6 milhões de unidades serão vendidas por ano.

Cenário que se desenha caótico para qualquer parte do Brasil. Seja em grandes capitais ou cidades de médio porte, o trânsito piorou, e muito, nos últimos anos – em São Paulo, por exemplo, se gastam em média duas horas e 49 minutos por dia em congestionamentos. Há dez anos era cerca de uma hora a menos. O dilema que se desenha é: como encontrar o equilíbrio entre o crescimento de uma indústria que move a economia e, ao mesmo tempo, deixa todos cada vez mais “parados”?

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