Educação é compromisso

Integrante do grupo de rap Versão 
Popular há 17 anos e do coletivo de poesia da Cooperifa há 14, Cocão Avoz vai lançar em 2016 seu primeiro disco solo, "No último vagão nem sempre é o final"

por Renan Dissenha Fagundes em

Mauro Almeida é conhecido na Zona Sul de São Paulo como Cocão Avoz. Integrante do grupo de rap Versão Popular há 17 anos e do coletivo de poesia da Cooperifa há 14, Cocão vai lançar este ano seu primeiro disco solo, No último vagão nem sempre é o final, com participações de nomes como Edi Rock, do Racionais MC’s, e Gaspar, do Z’África Brasil.

O primeiro single, “Diaristas”, saiu no começo do ano. O rapper e poeta falou do projeto com a Trip, além do trabalho que ele faz em escolas da periferia.

Como veio a ideia de lançar um disco solo? Decidi fazer esse trabalho porque facilita para eu estar nos lugares, estar na rua. O grupo é mais complicado, porque eles têm outras obrigações, cada um tem seus corres. Eu tenho meu estúdio, faço minhas bases, então preferi dar prioridade pra isso este ano. Eu continuo com o grupo, que já tem um trabalho consolidado.

Me conta um pouco sobre o trabalho que você faz em escolas. Vou nas salas de aula para explicar a linguagem do rap, justamente por causa da minha linguagem, da fala que eu tenho com jovens. As minhas letras são voltadas para a poesia e também voltada pra juventude. Apesar de eu ser um cara já com 36 anos, a minha música tem esse perfil, fala do jovem da periferia, e também desse contexto de passar ponte, para ampliar as ideias. Na Cooperifa tem muitos professores e eles se identificam com a minha escrita, então os convites são frequentes.

Por que é importante falar com os jovens? Eu moro na periferia, e você sabe o que atinge os jovens aqui, né? É o ter. O consumir. Com minha música eu consigo explicar quais são os nossos princípios, nossos valores. Por exemplo, estar próximo da família. Meu rap fala muito de família, fala de luta, também fala de ter, de conquistar, mas de que forma você vai ter isso aí? O rap por um certo tempo ficou devendo isso. Agora muitos caras estão voltando a ir nas escolas, a fazer rap na rua, na praça, no campo de futebol. Eu sempre gostei de dar continuidade nisso, independente de cantar na Vila Madalena, de cantar no Itaú Cultural, de cantar no Sesc.

Créditos

Imagem principal: Daniel Angeli/Divulgação

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