Eddie e Bonsucesso
O melhor de Olinda
Nos próximo dia 15 de novembro, o Urbano recebe o projeto Olinda Stereo, que reúne as bandas Eddie e Bonsucesso Samba Clube. Os dois grupos são ótimos exemplos da sempre frutífera cena pernambucana pouco reconhecida no eixo Rio-São Paulo, mas sempre muito bem recebida pelos europeus.
Eddie, apesar de pouco conhecido, é uma das bandas seminais do mangue beat, ao lado da Mundo Livre S/A e da Nação Zumbi. Já o Bonsucesso surgiu de uma dissidência da primeira formação do Eddie, de onde saíram o vocalista Roger Man e o percussionista Bernardo Vieira. O Eddie acaba de lançar seu segundo álbum Original Olinda Style, e o Bonsucesso, seu primeiro trabalho, com produção dos rapazes do Instituto.
Em comum, a fusão de diversos estilos, mas sempre acompanhados pela atmosfera descontraída de Olinda.
A gente conversou por telefone com Roger Man, vocalista do Bonsucesso:
Gostaria que você comentasse o som do grupo para as pessoas que não conhecem o Bonsucesso.
Nosso som reflete o que está sendo feito em Olinda e Recife há dez anos. É uma história diluída, uma mistura sem referências explícitas, uma fusão de estilos: dub, reggae, samba, MPB, música eletrônica (não vertentes da música eletrônica como o trance, mas a tecnologia usada com instrumentos tradicionais).
Você considera o Bonsucesso pertencente a uma segunda geração de bandas do mangue beat?
Sim, apesar de eu ser contemporâneo ao início do mangue beat. Na verdade são músicos mais antigos, da primeira geração do mangue beat, com projetos novos. Berna [Bernardo Vieira] e eu fizemos parte da primeira formação do Eddie
Quando Chico morreu, disse: "O melhor está por vir". O renascimento da Nação [Zumbi], a consolidação de Otto, a volta de Eddie, o projeto solo de Siba [vocalista do Mestre Ambrósio], o Cordel do Fogo Encantado, DJ Dolores & Orchestra Santa Massa e o próprio surgimento do Bonsucesso comprovam.
O mercado europeu está absorvendo Recife sem depender do Rio e São Paulo. Essa geração não quer se desvincular de Rio e São Paulo, mas levar grana e informação para Recife, o que já está começando a acontecer. Queremos que Recife e Olinda tenham seu próprio mercado.
A dificuldade que os pernambucanos passam, só colabora para que se tornem mais fortes.
Como se deu essa dissidência do Eddie e o início do Bonsucesso? Por que o grupo se separou?
Foi uma necessidade espiritual. Não houve briga. Éramos três cabeças pensando muita coisa [Fábio Trummer, vocalista do Eddie e guitarrista do DJ Dolores & Orchestra Santa Massa, Roger Man e Berna], foi a necessidade de cada um procurar sua história e juntar tudo isso.
Fundei uma associação de música, a AMP (Articulação Musical Pernambucana), que democratiza a informação levando-a a pessoas mais carentes e articula músicos, projetos de leis que favoreçam os pernambucanos e a profissionalização de menores no ambiente musical.
O que há de comum entre o som de vocês e o do Eddie?
O ambiente onde moramos [Olinda]. A cidade tem vários problemas graves, mas a criatividade é espontânea, a arquitetura é maravilhosa, a cultura está enraizada, e a tradição é transformada em música. Fora a história de encontros e convivência que tivemos em comum como com Chico[Science], Jorge [Du Peixe], Fred Zeroquatro, Renato L. Buscamos informação da mais antiga à mais contemporânea.
Comente um pouco a cena atual de Olinda e Recife.
A tendência é Olinda crescer turisticamente e isso é uma ponte de informação com a Europa. Existem suecos e franceses que têm uma banda de frevo em Olinda. Sou otimista, acredito que daqui a três, quatro anos as coisas vão estar melhores. Hoje destaco novos nomes como Mombojó, A Roda e Pindorama.
- Show: Eddie e Bonsucesso
- Onde: Espaço Urbano (r. Cardeal Arcoverde, 614, Pinheiros)
- Quando: 15 de novembro, sábado
- Quanto: R$ 15 (mulher), R$ 20 (homem)