Ontem assisti novamente o filme “Cazuza”, depois de mais de 8 anos. Na época, estava saindo da prisão e tudo era festa e alegria. Fiquei muito impressionado. Sempre gostei da visão extraordinária da poesia de Cazuza. Mesmo que às vezes tosca e mal desenhada.
Creio que se ele só tivesse dito que “o nosso amor a gente inventa...” para mim já teria sido suficiente. Em que se pese que a continuação da poesia seja “...pra se distrair.” O amor quando não acontece, tende a ser inventado. Não para distrair e sim para preencher. Vivi uma história assim. A pessoa estava precisando amar e ser amada e então colocou na cabeça que me amava e inventou toda uma história de amor. O ruim é que eu, esse velho bobão, acreditei. “O tempo não para”, dizia Cazuza, então todas as máscaras caem no tempo.
Mas não é só o amor que a gente inventa. Se fosse procurar na filosofia, os Idealistas diriam que nada existe de verdade, a mente inventa tudo. Seguindo essa corrente filosófica, então a gente inventa alegria, felicidade, tesão, prazer, paz, emoção, coragem... A gente não para de inventar.
Só não inventamos a dor, o sofrimento e a morte. Não inventamos porque ninguém quer, nem de graça. Elas nem precisam ser inventadas. Elas nos acontecem. São as consequências de nossas buscas desconcertadas pelo amor, felicidade, alegria, conforto e todas as coisas pelas quais vivemos.
Inventamos mal inventado. Não conseguimos fazer as coisas com perfeição. Tudo que sabemos e aprendemos tem sido na base da experiência de erro/acerto. Ao fim e ao cabo, precisamos inventar, é desse ar que respira nossa existência. Um dia, quem sabe, deixaremos de inventar e então seremos capazes de sentir, saber e ser naturalmente, sem invenções.
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