Dica de leitura

História de Henrietta Lacks, a mulher cujas células erradicaram a pólio, chega ao Brasil

por Luiz Filipe Tavares em

Na história da medicina, nenhum personagem foi mais negligenciado do que Henriquetta Lacks. Esta mulher norte-americana morreu vítima de câncer em 1951 e suas células foram peça chave na erradicação da poliomelite e continua, até hoje, ajudando as ciências médicas no combate à doenças incuráveis como a Aids e o mal de Parkinson. E finalmente, depois de 60 anos, sua história é contada no Brasil com o lançamento de A Vida Imortal de Henrietta Lacks, da americana Rebecca Skloot.

A história das células de Henrietta, chamadas de células HeLa, se confunde com a história da medicina moderna. Sem elas, não haveria a vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) e o tratamento do câncer ainda estaria engatinhando. Com a incrível capacidade multiplicadora das células cancerígenas retiradas de seu útero em 1951, Lacks tornou-se imortal mesmo falecendo poucos meses após a retirada do lote de células para pesquisas.

De lá para cá foram essas células já reproduziram 50 milhões de toneladas de material genético que foi usado em mais de 60 mil experimentos e pesquisas diferentes. Até hoje, qualquer pesquisador pode conseguir um lote de células de Henrietta in vitro, que são usadas nos mais variados tipos de pesquisa que se possa imaginar, desde experiências com doenças incuráveis, até estudos com substâncias ainda pouco conhecidas pelos médicos.

Legado perdido

Mesmo sendo uma peça crucial no desenvolvimento da medicina e tornando-se uma personagem chave na história moderna do ocidente, a família de Henrietta permaneceu na miséria e no anonimato durante mais de 50 anos, enquanto a indústria farmaceutica movimentava bilhões de dólares com aquela simples amostra. George Gey, pesquisador que conseguiu fazer com que as células se reproduzissem em laboratório, alegava nunca divulgar o nome da doadora por questões éticas e o segredo continuou até 1973, quando sua esposa Margaret quebrou o silêncio.

Ainda assim, a família de Henrietta não viu nem um centavo de toda essa indústria milionária. A desconfiança e descrença no reconhecimento que a família da doadora mantinha fez com que o livro de Skloot demorasse dez anos para ficar pronto, mas finalmente sua história foi revelada. Depois de um ano de lançamento no exterior, enfim o livro ganhou uma versão nacional para apresentar o legado de Henrietta e das células HeLa para o público brasileiro.

 

 

 

Livro: A Vida Imortal de Henrietta Lacks
Autora:
Rebecca Skloot

440 Páginas
Preço:
R$ 42,00
Editora:
Companhia das Letras

 

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