De tudo, muito
Ácido, daime, cocaína, maconha, sexo. O cantor Ney Matogrosso já abusou de muitos venenos
Ácido, daime, cocaína, maconha, sexo. O cantor Ney Matogrosso, 72 anos, já abusou de muitos venenos na vida – e hoje só não consegue se livrar do ansiolítico tarja preta que toma para dormir
De quais venenos você abriu mão na vida e por quê? As drogas me foram muito úteis nos anos 60, para abrir as portas da percepção. Mas eu nunca tomei pra ir à balada e nunca fui dependente. Minha viagem era outra: saía do banho e vestia uma roupa branca para tomar um ácido. Em dois anos, tomei 20 deles. Parei porque uma hora aquilo não ia além do que já tinha me mostrado. Nos anos 80, tomei daime por um ano e meio, em cerimônias. Eu abstraía a coisa religiosa, o que me interessava era o efeito da bebida sobre mim. Foi maravilhoso em termos de autoconhecimento, foi como se tivesse feito dez anos de terapia. Também já fui bem maconheiro, mas hoje não fumo mais. Cocaína eu já cheirei, mas odeio porque é uma coisa mentirosa. Sob o efeito dela você é uma pessoa extrovertida, inteligente, gloriosa e, quando acaba, você não é nada daquilo. Álcool eu não bebo porque não gosto. E cigarro eu larguei em 1996, quando comecei a fazer ginástica.
E sexo? Sexo é remédio, ele só é veneno quando é muito exagerado. Houve uma época em que eu era dependente de sexo. Se não transasse, não dormia. Hoje em dia ainda gosto muito, mas de outra maneira. Antigamente, se alguém encostasse o pé em mim ou me olhasse de uma maneira mais profunda, eu ia. Eu não tinha critério, era sexo pelo sexo. Hoje em dia, carinho é o que me dá tesão. Sem carinho, eu nem me excito.
Que veneno você não consegue largar? Sou dependente de Frontal, um ansiolítico tarja preta. É uma porcaria, mas não consigo largar. Tomo há 17 anos e, sem ele, não consigo dormir. O problema é que a minha cabeça é muito ligada, acelerada. Sou assim desde criança. Minha mãe dizia que a casa inteira dormia e eu ficava zanzando pelos cômodos.
O que você faz quando quer se desintoxicar física e mentalmente? Vou pro mato. Tenho um sítio no Rio de Janeiro e gosto de ir para lá. Adoro o contato com
a natureza.