Há pessoas que vivem falando mal da escola atual e se referem às escolas anteriores como melhores e até superiores. Um absurdo. A função da memória é essa mesmo: “esquecer” e tirar de pauta tudo o que for desagradável e “lembrar” ou colocar em pauta, somente aquilo que é do interesse imediato.
Jamais aceitei que me torturassem ou me maltratassem sem me manifestar. Talvez por isso as lembranças ainda estejam vivas em minha memória. Não consegui esquecer as desumanidades praticadas contra mim. Odiava a escola. Odiava os professores. Nunca me ensinaram nada. O que sei aprendi sozinho ou com amigos.
Tentavam me domesticar com agressões físicas, morais e torturas. Uma criança obrigada a ficar de joelhos sobre milho cru ou tampinhas de garrafas caracteriza tortura, ou não? Éramos forçados a aprender na marra. Com tapas na cara, coques e reguadas na cabeça. Tudo era decoreba sem sentido. Exercitávamos a memória e não o raciocínio. Não lembro quase nada do que tenha aprendido na época.
Há uma controvérsia sobre liberdade ou igualdade. Como se liberdade só fosse possível em sacrifício à igualdade e vice-versa. Não aposto em nenhum dos lados. Para mim se não houver igualdade não haverá liberdade e se não houver liberdade não haverá igualdade. A exclusão de uma dessas nossas “pernas” existenciais nos deixa trôpegos, coxos, a mancar em direção errada.
Aposto na liberdade também. As escolas atuais podem não produzir pessoas que sabem de cor e salteado a taboada e as dez classes gramaticais. Hoje temos calculadoras e os corretores gramaticais são muito eficientes. Mas é um espaço mais socializado e democrático.
Os professores precisam lidar com a nova realidade. É dura como dura esta a vida. Não dá para modificar instantaneamente. Os pais das crianças, em geral, trabalham e não têm como preparar os filhos para a escola. As creches que ficam com essas crianças durante o dia são ineficientes nesse sentido. Saudosismos e comparações não vão resolver. É preciso que se adaptem ao que há no momento para que possam propor algo melhor. A missão, meus caros professores, heróis de minha terra, continua...
Hoje é possível questionar e discutir sobre tudo. O tempo da adolescência cresceu. Agora abrange dos 12 até os 24 anos. Há mais tempo para aprender, outros veículos e meios de ensinar. No meu tempo não havia nem televisão, quanto mais computador e internet.
É preciso inventar novos meios. Incorporei Power point, aparelho de DVD e som, internet, experiências teatrais e dinâmicas que fui criando para prender o interesse dos participantes de minhas Oficinas de leitura. Mas, conversar sobre o dia a dia e a vida em si ainda acho que seja o melhor método. Integrar a educação, o ensino e a cultura ao cotidiano das pessoas.
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