Conto Macabro
Picadinho Sexual
Ele estava deitado em sua cama quando ela chegou.
_ Oi, meu anjo...
E vem beijá-lo. Sentiu-se mole, incapaz de se mover ou reagir. Bebera tanto assim? A garota era bonita, morena clara, seu corpo exuberante e ele nem lembrava se a havia possuído. Um encanto notava, em cima daquelas duas lindas pernas. Não lembrava, mas com uma beldade assim tinha que disfarçar:
_ E ai, onde que você foi? Perguntou como lembrasse que ela havia saído.
Ela o olha. Parecia perplexa e o examinava avaliando. Por fim pareceu decidir-se:
_ Estávamos com um “Mané”. Ele nos pagou todas. Gastou muito conosco. Aninha estava que não se agüentava mais. Nem veio pra cá; foi procurar uma farmácia. Ela tem problemas e precisava se medicar. Logo volta.
Não se lembrava de nenhuma Ana, quanto mais “Aninha”...
_ Ah é? E esse cara ai, esse “mané”? Que bunda mole, né, pagar todas... Sua voz soava a secura de sua boca, a grossura de sua língua e o vazio de seus pensamentos.
Ela parecia cada vez mais surpresa. Havia algo de cínico, ele reparava. Não sabia precisar o que. Não lembrava nada mesmo. Que vácuo...
_ A gente conheceu ele no My Love. Veio pra cima de mim e nós, eu e Aninha, o cercamos. Ele enfiava aquelas mãos úmidas pelas minhas coxas. Deixei-o bêbado e babando de tesão. O homem falava até mole de tanta excitação. Propôs que fôssemos para seu apartamento. Não aceitamos de cara. Deixamos que implorasse.
_ Ele já queria nos “comer” dentro do carro, quase nem conseguia dirigir direito. Morava perto, dizia. Entramos, amarramos o idiota na cama, fizemos strips, esfregamos a boceta e a bunda na cara dele. Deixamos o sujeito enlouquecido. O pau dele parecia uma pedra. Sua cara ficava cada vez mais vermelha e acabou gozando sozinho, aperreado. Desmaiamos o cara de tanto bater na cabeça e na cara dele. Deixamos amarrado e saímos para gastar o dinheiro que roubamos da carteira dele e comprar roupas com seu cartão de crédito.
As sacolas de compras haviam sido jogadas em cima dele. Algo parecia querer acordar em seu cérebro amortecido. Sua boca estava seca demais, a língua mais parecia uma lixa grossa raspando a boca. Tentou se mover e algo o impedia. Doia tudo, principalmente a cabeça. Aquela história esquisita... Queria saber mais.
_ Quer saber mais? Então, a gente estava pensando em fazer picadinho sexual dele. Vamos judiar mais um pouco, usá-lo e depois cortá-lo todinho. E mostrou as facas que haviam comprado, em uma das sacolas em cima dele.
Aquilo era excitante, ele já estava de pau duro só de pensar nelas usando (pensava em como seria isso de ser usado por elas) e depois cortando o sujeito. Imaginava-a nua e fazendo loucuras em cima do sujeito, quando a tal da Aninha chegou. Alguns flashes espocaram em sua mente tão rapidamente que não conseguia acompanhar. Algo quente escorria de sua cabeça para o pescoço. Quis levantar e penetrá-la imediatamente, mas os braços estavam estranhamente pesados. Quase não sentia as mãos, pareciam amortecidas. O corpo doía mais à medida que ia despertando daquela letargia que o prendia na cama.
De repente a mente começou funcionar a milhão. Engraçado, fora no My Love o ultimo lugar que se lembrava haver estado. Quem era mesmo aquela garota? Olhava-a e ela ria. Havia algo duro que pesava em seu olhar agora. Lembrou como as conhecera. A garota parecia uma delicia e ele se aproximou...
Espera ai, não era aquela história que estava sendo contada? Tentou se movimentar e sentiu-se preso. Olhou. Puxa, estava amarrado na cama! As duas o olhavam sorrindo maldosamente. Veneno transbordava de suas bocas borradas de batom. Foi então que sentiu o primeiro corte. Gritou, mas a dor era tamanha que a voz não saiu da garganta. Pequenas peças de um tecido muito fino foram enfiadas uma a uma em sua boca. Identificou pelo gosto. O ritual do picadinho sexual se iniciara.
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Luiz Mendes
18/03/2010.