Contemplação X Ação

Tem sido comum nos últimos anos fundir dois ou mais esportes para se criar um novo ou, ao menos, uma nova modalidade. Esse é o caso do Extreme Golf, ou X Golf, como é conhecido, uma mistura inusitada entre corrida e golfe.

O Extreme Golf foi inventado, como não poderia deixar de ser, na Califórnia no começo dos anos 80 quando executivos que dispunham de pouco tempo para praticar o tradicionalíssimo golfe (uma rodada com 18 buracos pode levar de cinco a sete horas) chegaram à conclusão de que o tempo do jogo poderia ser sensivelmente diminuído se em vez de andar entre um buraco e outro eles corressem. Bingo! Nascia assim o golfe corrido, esporte que pode ser praticado em apenas uma hora.

Mas a atividade só ganhou fama nos anos 90 quando Bob Babbit, editor da revista californiana Competitor, especializada em triatlo e esportes que façam uso da corrida, se encantou com a atividade e promoveu um torneio que foi televisionado localmente. O barulho ecoou e o Extreme Golf ganhou espaço em redes de TV como ESPN e em revistas como Sports Illustrated, Outside Magazine, entre outras.

Claro que os idealizadores, californianos que amavam tanto o golfe quanto a corrida e o triatlo, tiveram que adaptar um pouco as regras para que o novo esporte funcionasse. Tênis de corrida substituem os sapatos de golfe e shorts ou bermudas, as calças. Em vez de ter um caddie (o ajudante que carrega a sacola de tacos e localiza a bolinha para o golfista) o praticante de X Golf está por conta própria e deve carregar com ele apenas a quantidade de tacos que aguentará levar durante os tiros. Para determinar o vencedor, o resultado é a soma de tacadas com o tempo final. Por exemplo, se o sujeito deu 72 tacadas e correu a pista em 45 minutos, o cálculo é 72 + 45 = 117. Naturalmente, o menor resultado vence.

Embora tenha sido rejeitado de cara pela ala mais tradicional de praticantes de golfe - que alegava que a corrida acabava com o aspecto mais contemplativo e relaxante do esporte - o Extreme Golf caiu imediatamente nas graças de golfistas mais jovens e que também amavam a corrida e o triatlo. A turma do triatlo, aliás, foi a que mais aderiu ao esporte, que passou a ser usado como uma espécie de treinamento não convencional nas horas vagas.

Mas o duelo entre golfistas tradicionais e extremos gerou faíscas quando os convencionalistas começaram a fazer campanha para que os campos de golfe não permitissem a entrada dos vanguardistas. Tudo foi mais ou menos resolvido quando as duas partes determinaram que cada clube que tivesse uma pista de golfe deveria decidir previamente e fazer constar de suas normas se aceitava ou não receber em suas instalações os tais golfistas apressados.

Hoje, calcula-se que o esporte tenha, entre Estados Unidos, Austrália e Europa, mais de um milhão de aficionados, o que não é muito mas que pode vir a ser se considerarmos que torneios patrocinados e televisionados não param de pipocar por essas bandas.

Mas o mais interessante nessa história talvez seja mostrar que praticamente qualquer esporte pode ter sua versão radical.

NOTAS

SANTOS SURF FESTIVAL

Terminam hoje as comemorações do Dia do Surfista que teve início no dia 21. Danilo Mulinha venceu a etapa de abertura do Brasileiro de Longboard disputada no Quebra-Mar e deficientes mentais tiveram a primeira experiência sobre a prancha. 

SKATE 

No embalo do sucesso do Rio Vert Jam, vencido por Bob Burnquist com Sandro Dias em segundo, começa hoje em Florianópolis (SC) o Session Nike SB, um circuito de street com oito provas pelo país e final em São Paulo em março.

SNOWBOARD

Recuperada e com capacete novo Isabel Clark Ribeiro volta a treinar nos próximos dias.