Provavelmente uma pessoa como eu possa ser considerada um inimigo para o sistema consumista que domina a vida social e econômica dos tempos atuais. E constatar isso me deixa contente porque eu, pelo tanto que concedi ao consumismo, já me achava estragado, um consumista viciado. Compro para preencher necessidades e prazeres e paro de comprar quando satisfiz tais necessidades e prazeres. A demanda da produção, a moda, a mídia e a propaganda não me interessam.
Eu seria um consumista satisfeito; somente diante novas necessidades e prazeres volto a comprar novamente. O sistema quer um consumista em movimento. Adquirindo, usando e descartando para comprar novamente. As minhas roupas de frio do ano passado serviram muito bem para o inverno desde ano. Acresci algumas peças em lugar das que estavam desgastadas e complementei. Tenho mais variedades, mas não joguei nada fora. Ano que vem vão servir também, estão em bom estado de conservação. O que não estava, já doei. O verão vai chegando e as camisetas e bermudas que tenho do ano passado, vão servir também. Compro mais algumas e pronto; estarei vestido para o verão todo. As novas necessidades que se criam para mim são artificiais. Minhas camisetas e bermudas são lisas, sem estampas, discretas e não chamam a atenção; não podem ser ridicularizadas. Nada nelas deixa margem à depreciação. As necessidades de ontem, hoje são as mesmas, com acréscimos de novidades que vão ser úteis.
Vivi cerca de 2 a 3 anos com um mesmo celular. Troquei esse ano e ainda não sei nem um pedaço de suas funções. Com certeza demorarei outro ano para aprender e utilizar. Sou flexível, mas não gasto dinheiro a toa. Foi difícil de ganhar. Se as lojas precisam escoar suas mercadorias acumuladas e usam de todos os meios, inclusive da propaganda subliminar, para seduzir consumidores, a mim não convencem. Adquirir, comprar, com certeza, não é a principal preocupação de minha existência, embora eu saiba o quanto é bom ter acesso a todas as novidades. Sei o quanto é frustrante ir a um shopping, ver maravilhas e sair com as mãos abanando. Mas não posso ficar nas mãos de propagandistas; tenho outras prioridades.
Sou vaidoso como todo mundo. Mas percebo agora, muito contente comigo mesmo, que apesar de haver aderido a um certo consumismo, não estou no movimento de compra e descarte a que a sociedade moderna nos pressiona. Não me deixei levar pela imposição dissimulada da moda ou do "correto". Creio que ainda sou aquele que procura e escolhe o alternativo, além dos padrões de comportamento apropriados. E fico satisfeito com meu desempenho, pois é espontâneo e natural, sequer percebo.
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