Comentários Cáusticos

por Luiz Alberto Mendes em

Comentários Cáusticos

A ética que a vida moderna introjeta na humanidade não é fundamentada na reflexão sobre a responsabilidade de cada um sobre sua parte com relação ao todo. Antes é calcada única e exclusivamente na ação inspirada pelo oportunismo individualista. É, portanto, mais importante ter que ser. Os bens materiais estão mais valorizados que os morais e éticos. O processo parece querer nos remeter à barbárie novamente.

 

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Desde muito cedo nos é ensinado a ser indiferentes com relação às pessoas que não conhecemos. Alias o desconhecido é sempre perigoso, orientam as mães a seus filhos com medo de seqüestros, pedofilia e atitudes semelhantes. Estamos habituados a cruzar nas ruas com indivíduos sem rosto, anônimos aos quais nos fazemos de indiferentes. Diante da dor e da miséria do outro, fazemos não enxergar porque aprendemos que isso não nos diz respeito. É sempre culpa do governo corrupto e desonesto que não vê essas coisas. Chegamos ao cúmulo de julgar que tudo o que ocorre em nossa sociedade é uma questão de fracasso pessoal de cada um, sem ao menos considerar em que contexto cada situação esta inserida.

                                                     

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Não há mais certezas. Vivemos tempos de ambigüidades, o maniqueísmo reinante até então foi derrotado completamente. O mal convive com o bem e o sim com o não. A hipocrisia esta desmascarada. Traficante não é mais aquele que vende drogas ou armas. Esse é o “laranja”. O sujeito que vai para a prisão e compõe as estatísticas sobre prisões por tráfico, lavagem de dinheiro, suborno, etc. Traficante são os que investem sem querer saber para que finalidade esta indo seu capital, interessados somente no lucro. Não existe nada puro, tudo esta misturado, miscigenado e maculado de alguma forma; não há mais inocentes. Mesmo porque não há mais garantias, nem do planeta, da vida ou de nada. Porque então capas para encobrir capas e esconder o insubstancial?

 

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Ultima:

No crime também houve grandes transformações. Por exemplo, as organizações criminosas iniciaram-se em 1920 nos States. Aqui em São Paulo começaram somente agora, quase um século de atraso. Lá, uniam-se para se protegerem da pena de morte; aqui para se protegerem da Lei do Cano de Ferro praticada pelos diretores das prisões e a criação do Anexo à Casa de Custódia e Tratamento para conter o presidiário em tempos de Ditadura Militar. O ladrão se transformou em bandido. Já o malandro tornou-se em traficante primeiro para depois virar oportunista. Os especialistas afirmam que o homem gasta mais dinheiro com droga do que com alimentação. Este fato, de alguma forma, há de absorver o ex-malandro no conjunto social.

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Luiz Mendes

15/05/2015.

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