Circo desarmado
Como leis municipais estão acabando com a arte do circo
O circo Stankowich já teve até hipopótamo. Além de zebras, urso e 11 tigres siberianos. Agora restam apenas um elefante e um punhado de cavalos, lhamas e pôneis. E não se sabe por quanto tempo. “A pressão está muito grande”, explica o domador Márcio Stankowich, direto de Sertãozinho (SP), abrigado na lona que ostenta o nome de sua família há 160 anos num dos últimos circos – se não o derradeiro – a circular com animais pelo Estado de São Paulo. “Não somos caçadores, esses animais nascem em cativeiro”, explica Márcio, 48 anos, 40 deles no picadeiro com a bicharada. “Fazem parte da nossa vida, vimos nascer.”
Leis municipais proíbem animais no circo, e uma lei estadual deve ser aprovada em breve, em mais um duro golpe nessa tradição circense, que deve sumir rapidinho. “A lei é tão radical que proíbe até a pomba do mágico. E é injusta porque veta só animal no circo. Na TV e no cinema, por exemplo, pode usar à vontade”, reclama Beto Pinheiro, do Circo de Nápoli, exímio domador que há oito anos deixou de exercer o que melhor sabe fazer.