Quando do plebiscito acerca das armas, movido por um raciocínio que me parecia coerente, fui radicalmente contra as armas. Baseava minha lógica na experiência da cidade de Diadema com relação ao fechamento dos bares em determinado horário. Em cinco anos, passou de 1º lugar para o 17º lugar no ranking das cidades mais violentas do Estado de São Paulo. Imaginava que se tirássemos as armas de cena ocorreria o mesmo; o índice de homicídios diminuiria. Cheguei a fazer campanha, assinar abaixo assinados e escrever a respeito.
Estudos mais aprofundamentos na questão me levam a não mais radicalizar. A guerra às drogas, em mais de dez anos de combate, não resultou em nada. O consumo das drogas só fez crescer. As facas também matam e mais violentamente até. O café; os antidepressivos; os calmantes também dopam... Açúcar mata diabético. As mortes no trânsito são sempre recordes no país. Mas ninguém pensou em fazer campanha para tirar os automóveis das ruas. Quantas pessoas morrem por conta do cigarro? Câncer, problemas respiratórios, tuberculose, asma... Fazemos campanha, mas não funciona tão bem assim. Apesar dos obstáculos com que sacrificamos a liberdade de quem deseja continuar fumando.
Tudo bem, o marketing é pesado. Mas nós não somos exatamente essas frágeis criaturas facilmente condicionáveis. Não somos incapazes como nos querem fazer crer.
As indústrias, os instrumentos, as ferramentas, a propaganda não têm a capacidade de decidir por nós. Senão vejam: Nos States segundo pesquisa recente publicada no Estadão, existem 270 milhões de armas nas mãos de civis. Eles têm 9.150 homicídios por ano (em média): 2,7 homicídios por cada 100 mil habitantes. A Suiça vem em 2º lugar em armas por habitantes. Tem 3,4 milhões de armas. Mas apenas 57 homicídios por ano: 0,77 homicídios por cada 100 mil habitantes. O Brasil tem perto de 14 milhões de armas com seu povo. Cerca de 34.680 homicídios por ano: 18,1 homicídios para cada 100 mil habitantes.
Com os dados dessa pesquisa cai o mito de que quanto mais armas, mais homicídios. A ferramenta em si é inofensiva e foi inventada para caçar, produzir alimentos. Do mesmo jeito que mais drogas não fará mais viciados. Os homicídios e o uso das drogas exigem o concurso de escolha e decisão humanas.
Utilizamos cookies essenciais e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.