Cães farejando e detectando cancer

Há uma energia volátil no câncer que o cão é capaz de perceber

por Luiz Alberto Mendes em

Hoje, vendo uma reportagem, lembrei que eu sempre gostei muito de cães. Minha mãe ganhou uma cachorrinha recém nascida de presente pelo meu nascimento. Chamou Diana. Mas eu fui crescendo com ela, não sei se pelo a pelo ou pele a pele, e como não sabia dizer Diana, então chamava de Dinda. E ficou. Dinda foi minha maior companheira em toda infância. Ela andava comigo para onde eu fosse. Acompanhava até a escola e quando saia, lá estava ela me esperando e fazendo festa. Quando meu pai chegava bêbado em casa, eu me escondia na casinha dela, de medo dele. Ela me acolhia como se eu fosse mais um dos trocentos cachorrinhos que deu cria. Suas ninhadas eram de 10, 12 filhotes. As fêmeas, que ninguém queria, minha mãe separava e mandava que eu jogasse, dentro de um saco da açúcar, no rio. Uma vez estourou o saco na queda e vi os cãezinhos morrendo afogados e ganindo. Aquilo cortou meu pequeno coração, chorei um bocado. Ficou um trauma. Nunca mais quis levar, nem sob ameaça de espancamento. Para me bater, meu pai precisava fechar a casa. Porque se deixasse aberta, ela avançava nele. Pois ele trancava a casa, me batia e ia bater na cadela. Doía muito mais ouvi-la ganir apanhando do que as pancadas que tomava. Eu odiava profundamente meu pai por causa disso. Dinda sumiu de casa quando eu tinha 19 anos e já preso. Estava cega e andava com dificuldade. Sumiu como o vento, nunca mais ouvimos falar.

A reportagem falava de uma instituição nos Estados Unidos que cria e treina cães para que façam biodetecção de câncer. Eles farejam de 1.000 a 10.000 vezes mais que nós. Em certos casos, como no câncer de bexiga, chegam a 100.000 vezes mais. Eles chegam a detectar 60% dos casos de câncer na bexiga, só de cheirar a urina das pessoas. E nós temos cerca de 10 milhões de mortes por câncer por ano no planeta.

Contam a história de Maureen cujo cão muito apegado a ela, de repente começou a se afastar e mudar de comportamento com ela. E a região que ele mais evitava eram os seios, onde antes quando ela o pegava no colo, ele se aninhava como um gato. Logo em seguida foi detectado câncer de mama em Maureen. Depois da operação, que foi bem sucedida, o cão voltou a se aninha em seus seios normalmente, como antes. O cão sentia o cheiro do câncer, há uma energia volátil no câncer que o cão é capaz de perceber.

A vida não é realmente incrível? Viva os cães e seus donos orgulhosos!

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Luiz Mendes

14/04/2011

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