Cabeça pra fora
O Karmann-Ghia conversível é uma raridade que vale ouro: sobraram apenas 115 no Brasil
Apesar de morar num país tropical, o brasileiro jamais adotou o conversível. Incoerência automobilística, já que modelos sem capota são fontes de prazer até em terras com rigorosos invernos. Uma das iniciativas locais partiu da Volkswagen, em 1968, com a versão conversível para o cupê Karmann-Ghia. Tido como um dos mais bem-sucedidos projetos de design sobre rodas – é, por exemplo, o único automóvel exibido no acervo do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) –, o modelo foi sucesso na Europa e nos Estados Unidos.
Por aqui, a história foi bem outra: dos mais de 23 mil Karmann-Ghias fabricados no Brasil, apenas 177 tinham a opção de baixar a capota. Fracasso no passado, sucesso no presente. Não que o brasileiro agora morra de paixão pelos conversíveis – na verdade, há mais de uma década a indústria nacional não oferece a configuração. O que se passa é que esses modelos são bem valorizados por colecionadores. “Um Karmann-Ghia conversível ultrapassa hoje a casa dos R$ 100 mil”, atesta o comerciante paulistano Henrique Erwenne, 71 anos, presidente do Karmann-Ghia Clube e proprietário de um dos poucos exemplares da rara versão nacional.
Segundo ele, existem hoje no país apenas 115 Karmann-Ghias conversíveis, “todos catalogados e restaurados”, ressalta. “Dos que desapareceram, boa parte foi desmanchada e transformada em buggy nos anos 80, época em que o modelo não tinha valor de mercado”, relembra Erwenne.
Feliz com a propriedade que guarda na garagem, o comerciante só reclama da falta de educação nas ruas. “Como o brasileiro nunca teve a cultura do conversível, é comum que atirem objetos no interior do veículo”, comenta. “Já recebi de tudo, de cuspe da janela do ônibus a bituca de cigarro.”
Classificados
“O veículo é de coleção, 80% de originalidade e conservação”, garante Eduardo, dono desse Karmann-Ghia 1969, modificado para conversível. A caranga que para o trânsito sai por R$ 45.000. Tel.: (31) 2123-4919
Fabricado em 1993, esse Kadett conversível branco bebe gasolina e, segundo Sérgio, dono da caranga, a mecânica e a lataria são “ótimas”. Ele é seu por R$ 12.500. Tel.: (11) 4997-5868
Gustavo quer vender esse belo Mercedes Phoenix conversível com 100.000 km rodados por R$ 30.000. Tel.: (31) 3461-1494
Esse Cadillac conversível nunca foi reformado. O diferencial fica por conta das suas dimensões exageradas e do motor V8 automático. Gustavo vende a relíquia por R$ 79.000. Tel.: (31) 3461-1494