Breves comentários sobre Drogas
DROGAS
As drogas na história da humanidade parecem ser tão antigas quanto a busca pelo prazer e satisfação de viver pelo homem. O que é realmente novidade é a proibição que se iniciou a bem menos de um século.
A guerra contra as drogas, sem dúvidas, esta falida. Não acabou com o comércio e muito menos diminuiu o consumo, apenas diversificou e construiu um marketing que deu certo. A tal guerra esta desmantelando a confiança que as pessoas tinham nas instituições como a polícia e a justiça. O episódio do roubo dos 22 fuzis e 89 pistolas do Centro de Treinamento Tático no ABC paulista, é bem representativo. É o Centro de treinamento de tiro da polícia e a suspeita é de que policiais participaram do crime. Tanto que as investigações e a formulação do inquérito esta nas mãos da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo. Hoje a manchete nos jornais é que dois desses fuzis, oito meses depois do roubo, foram pegos com traficantes de morros diferentes do Rio de Janeiro. Tudo leva a crer que as vendas foram esparramadas e pulverizadas para resultarem.
O traficante possui imenso poder de informação sobre as forças oficiais que o ataca. E este não esta nos fuzis, granadas ou soldados (figuras novas também no cenário nacional) que possa ter ou controlar. E sim esta na fragilidade humana e na má formação dos policiais que o atacam. Corrompem e controlam com a facilidade. As armas são para se defender de concorrentes e milícias, ou para atacá-los.
A guerra contra as drogas apenas agregou violência policial, chacinas, torturas, balas perdidas (figura nova que vai gerar muita cena de novelas, filmes e seriados) e barbarismos ao processo. Gerou mortes, assassinatos e todo esse enorme trauma na espécie humana.
Os Estados Unidos é hoje campeão mundial, após décadas de guerra às drogas, em termos de tráfico e consumo de drogas ilícitas. E foram eles que centralizaram e programaram a War on Drugs.
O jornalista James Mills afirma que os habitantes da Terra gastam mais dinheiro com drogas ilícitas do que com alimentação ou qualquer outro item de sua necessidade de sobrevivência.
Esta se chegando a um consenso universal de que a proibição às drogas, além de ser um mal pior que as próprias drogas, já que provoca corrupção, extermínio e violento trauma geral, é um enorme desperdício de energias e investimentos.
A legalização das drogas é sim uma solução de mercado porque arruína a economia dessa atividade ilícita. De verdade o que se trafica não são as drogas e sim a proibição.
Acredito que a legalização das drogas passa por diferentes motivações além dessas de mercado que sempre levantam suspeitas. Mercado visa lucros e dividendos e não a melhora e aperfeiçoamento do gênero humano.
Acho que a mais interessante delas é a análise lógica dos resultados. Colocar de um lado da balança, as mortes, as prisões lotadas de jovens e esse sofrimento todo. Do outro lado da balança colocar os questionáveis benefícios que traz a proibição. Alguém deixou de usar por causa disso? O inventores dessa guerra poderiam chutar dizendo que se não fosse a proibição deles, o mundo já teria sido dominado pelas drogas. Não sei, porque os cientistas afirmam que o que se vende é a proibição e não a droga mesma. E ai?
Do que sei, a criminalização das drogas jamais resolveu o problema, apenas recrudesceu seus efeitos mais perversos. Os derivados da cocaína que matam muitas vezes mais, como o “crack”, foram inventados a partir da falta de química (acetona ou éter) para a purificação e cristalização daquela droga. E foi o combate às drogas que obrigou os governos a fiscalizarem mais de perto a produção desses derivados do petróleo.
Não tenho uma solução para a questão. Acho temerário emitir qualquer opinião sem conhecer todos os problemas que envolvem. Mas a proibição já se provou como solução falida, que não resulta no fim do consumo das drogas. Penso, assim talvez levianamente, que enquanto o homem ainda vagar angustiado e agoniado em seu vir a ser tão complexo e muitas vezes tão sofrido, as drogas existiram. Acho que as drogas existem e são assim tão desesperadamente consumidas pela própria frustração humana em sua busca por uma felicidade inexistente. Há que haver um paliativo, uma muleta, uma escora, uma estrutura qualquer para que possamos nos defender disso para que consigamos ir vivendo. Não podemos esquecer que o álcool é a pior das drogas e que esta ai para qualquer um, ao preço mais acessível possível.
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Luiz Mendes
18/11/2009.