Bob Mould

O blog de música do Village Voice acertou em cheio na descrição do lendário Bob Mould, que concedeu ao site uma longa entrevista para marcar o lançamento de sua autobiografia, See A Little Light. Traduzimos: "um ex-miserabilista, arquiteto do noise pop por trás dos deuses do rock do Hüsker Dü e dos gurus do alternativo do Sugar (...) que aposentou o cara da guitarra roqueira, o homem furioso, o pessimista e o homossexual que se odiava para finalmente abraçar quem ele é." Como o repórter do site fez questão de frisar, aos 51 anos de idade, ele não está diminuindo o ritmo e, de fato, não está para brincadeira. 

Ele esteve a frente do Hüsker entre 79 e 88, comandou o Sugar entre 92 e 95 e ainda lançou nove álbuns solo de estúdio de 89 para cá, isso sem falar no Loud Bomb e nos projetos de produção com o Soul Asylum e o Low. Hoje divide seu tempo entre a renovação do projeto Workbook e as turnês como Blowoff, um projeto de house que faz um sucesso imenso entre as comunidades gays, especialmente na Costa Oeste dos EUA. Na entrevista, ele falou sobre sair do armário, como lidar com o fim de uma entidade como o Hüsker Dü e a alegria que vem colada no sucesso de seu trabalho como DJ.

"89 foi um grande ponto de virada para mim e o começo de um longo processo de aprendizado. Na época eu tinha 28 anos, não estava exatamente dentro do armário mas também ainda não tinha me assumido. Eu acabei de fazer 51 anos na semana passada e agora estou fora do armário pra c******", ele ri e fala sobre a diferença que se assumir fez na sua vida. "Nem sempre eu me senti confortavel com quem eu sou. Eu adoraria estar 100% sobre tudo o que eu estou fazendo, mas ninguém é assim. Eu só gostaria de ter me assumido antes, esse é meu único arrependimento."

Sobre a diferença entre tocar e discotecar, Mould fala com carinho dos dois ofícios. Depois de tanto tempo reprimindo a si mesmo e sofrendo com a repressão alheia, primeiro na cena punk e depois no mundo do rock alternativo, Bob Mould colhe os frutos de anos de trabalho e aproveita para também se divertir como pode durante as turnês.

"Vejo (tocar e discotecar) como duas coisas totalmente diferentes. Quando estou tocando guitarra eu seu que estou fazendo isso para uma plateia geralmente heterossexual: normalmente a galera tem seus 40 anos, são casados, estiveram comigo desde sempre e viveram com o meu trabalho junto comigo. Então quando eu faço um som com o Blowoff fico pensando: 'cara, é legal demais ter todos esses caras de 30 anos dando em cima de mim'", gargalha Mould. 

Caso você não conheça o trabalho de Bob Mould, separamos quatro momentos icônicos de sua carreira nos vídeos abaixo. Assista e entenda porque esse homem é considerado uma lenda por tanta gente de tantas histórias e estilos diferentes.

Hüsker Dü - "Could You Be The One" (1987)

Sugar - "If I Can't Change Your Mind" (1992)

Com o Foo Fighters - "Dear Rosemary" (2011)

Discotecando como Blowoff (2011)

Vai lá: http://blogs.villagevoice.com/music/2011/11/bob_mould_see_a_little_light_interview

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A Trip #204 é especial "Diversidade Sexual"