Beleza é para ser compartilhada?

por Luiz Alberto Mendes em

 

 

Beleza

 

Beleza é algo a ser compartilhado?

Penso que na maioria das vezes sim, beleza é algo que todos devem ter acesso e participação. Beleza não tem a ver com moda. A moda adorna e realça ou até empana e obscurece. É preciso ter sempre em mente que vivemos tempos de relatividades e incertezas. Mesmo o que tem valor claro como a beleza, passa pela máquina resfolegante da modernidade.

Haveria uma beleza unanime? Beleza absoluta? O céu vestido de azul profundo, e as estrelas emitindo sua mensagem de luz ao universo. Uma linda mulher nua. É complicado porque há dias que eu queria que chovesse muito, tudo. Uma mulher vai dar preferência para pensar em um corpo masculino nu.

Poderíamos concordar que, além das emoções, cultura ou gênero, há beleza real em quase tudo? No céu recamado de estrelas; no céu negro cortado pelas labaredas de fogo dos relâmpagos; em uma bela mulher nua; e em um homem com sua musculatura plena. Mas, por exemplo, o padrão de beleza africano é diferente do europeu e americano. A mulher bonita na África é grande, de lábios grossos, nariz achatado e até farta de carnes. O padrão oriental também possui diferenças, por mais ocidentalizados estejam.

Somos nós, humanos, a medida do belo? Os animais têm diferentes percepções de beleza. Por exemplo, entre eles, em sua maioria, é o macho que tem a obrigação de ser belo. É o macho que se cuida para se “pavonear” para a fêmea. O próprio pavão (eis uma beleza que todos concordam: o pavão é lindo!), até a Ave do Paraíso é o macho que é a visão do paraíso (eis outra beleza a ser discutida: paraíso).

Tudo é muito confuso. Uma mulher ou um homem podem compartilhar a beleza que possuam? Porque o belo ai no caso ultrapassa a visão e se expressa em desejo. Compartilhar, no caso seria dar-se ao prazer de todos. Conheço mulheres cuja beleza física inexiste, tendo em vista as possibilidades femininas, mas que se fazem mais belas que as realmente são. Tornaram-se musas de vários poetas pela simpatia, cultura, graça, delicadeza e generosidade pessoal.

 De minha parte, quando vejo, sinto ou penso algo que desperte minha admiração pelo belo, depois de saborear, tenho necessidade imperativa de capturar em minha armadilha de palavras. Preciso (dá até gastura) mostrar aos outros. Conversar, escrever, especular sobre consequências e cogitar sobre a importância e o sentido.

Para mim, comunicar a beleza que vejo, penso ou sinto é obrigação imperiosa. Não consigo absorver só para mim, preciso trocar e compartilhar. Só assim o círculo se completa e consigo vivenciar de verdade o que admiro.

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Luiz Mendes

21/07/2010.

 

                  

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