Bahia sem preguiça
Um "tour by bus" pela costa baiana, com muito esporte em terra, água e ar
Nosso objetivo era mapear, na Bahia, os lugares mais bonitos para a prática de esportes de prancha e vento. Na equipe, os boardriders Dudu Schultz, de Floripa, Diego e Juliano Gola, de SP, o b.a.s.e. Jumper e cinegrafista Sabiá, o fotógrafo David dos Santos Júnior e eu, também de SP.
A balada começou em Salvador, onde subimos num "tour by bus" - que dá direito a várias paradas com uma só passagem. Dá para descer e voltar quando quiser, pegando outro bumba, em hora e local combinados.
Na grande viatura cor de abóbora, passamos por Itaparica, Maragogipinho (paraíso das cerâmicas) e Morro de São Paulo - que, acredite, ainda é um tesão. Tem baladas noturnas estilo "pé na areia", bons restaurantes e pousadas. Na Segunda Praia, um fundo de pedra recebe ondulações que quebram direitas perfeitas.
No outro dia, decidimos que o melhor lugar para o kite é a Quarta Praia: na maré baixa, ali se formam piscinas que deixam a água lisa, porém perigosa - cheia de corais. Toque: reconheça o local na maré vazia e veleje na maré cheia.
Dia seguinte, uma embarcação nos leva à ilha de Boipeba, onde o lance é menos agito. A praia da Coeira reúne boas condições para o kite. Mas é na bancada de coral em frente ao povoado, a 1 quilômetro da costa, que há um local imperdível para surf e kite.
Fundamental ter barco de apoio para chegar à bancada. Depois da session, com o visual inesquecível das ondas emolduradas pelos coqueiros ao fundo, um enorme e equipado flexboat leva nossa trupe.
No meio do mar, aportamos numa ilha redondinha, com mais coqueiros, areia branca, corais e bom posicionamento do vento para o kite. Um paraíso, propriedade da família Odebrecht, os famosos empreiteiros. Ao descermos na areia, tranqüilos nativos chegaram com água-de-coco e astral. O show dos kites no céu deixou os ilhéus em êxtase.
Partimos para o próximo pico, a Península de Maraú, onde largamos o barco e pegamos carona nos Land Rovers até Taipus de Fora, região que é paraíso do ecoturismo - lá, até as estradas são pavimentadas com fibra de coco amassada. Mais para a frente, ainda em Maraú, tem a lagoa do Caçange - água doce de chuva e paisagem de cinema. Relaxe.
Pé na estrada outra vez. Chegamos ao Rio de Contas, divisa com Itacaré. Um show de ondas: tem surf todo dia, segundo o primeiro surfista desse paraisinho, Ronaldo Fadul, 47 anos, 27 de Itacaré. Fadul, que só pega em dinheiro embrulhado em papel para não se contaminar, explica: a plataforma continental é um degrau submerso da costa brasileira, impedindo a penetração de ondas gigantescas.
Nessa região, o degrau é mais próximo do continente, o que cria ondas constantes em fundos de coral, pedra e areia. Para Fadul, a melhor onda da Bahia é a Boca da Barra, uma direita quilométrica estilo Jeffrey's Bay.
A trip final: 400 quilômetros passando por Ilhéus, Valença, Trancoso e Porto Seguro. Em Arraial d'Ajuda, na melhor session da viagem, conhecemos o litoral sul descendo a favor do vento, passando por falésias e praias isoladas - tudo lindo, mas fique esperto para não ser furtado. Chegada: a forrozeira Caraíva.
Apesar da inconstância dos ventos baianos, tanto a saída do rio Caraíva quanto o mar são ótimos para a prática do kite. Como você vê, Bahia e kite foram feitos um para o outro.