Audi lança dois modelos para levar adiante a revolução dos carros verdes
Por Redação
em 10 de setembro de 2012

Por Rodrigo França
Desde novembro passado, somos mais de 7 bilhões na Terra. Mais da metade dessa imensidão humana mora em cidades – até 2050, elas abrigarão três em cada quatro habitantes do planeta. Como resultado dessa concentração, as manchas urbanas não param de se adensar. Daqui a três anos, serão 26 megacidades com mais de 10 milhões de pessoas, como Xangai, São Paulo, Moscou, Pequim, entre outras. Com números como esses, é evidente que o destino da humanidade passa pelo futuro da mobilidade urbana. Nos Estados Unidos, o país com a maior concentração de veículos automotores segundo dados reunidos pela divisão de estatísticas das Nações Unidas, eles chegam a 765 por grupo de cem pessoas – no Brasil, 69º colocado no ranking, são 81 carros e afins para cem pessoas. Considerando que o segmento não para de crescer e é hoje responsável por parte importante da emissão de gases poluentes, diretamente associada ao aquecimento global, a necessidade de uma fonte limpa e renovável de energia para os propulsores se impõe com urgência só comparável à que levou a Audi a desenvolver ao longo dos últimos anos alguns dos motores de alta potência com as menores taxas de emissões de CO2 do mercado automotivo.
“A energia elétrica será a responsável por mudar completamente o conceito do automóvel como o conhecemos hoje”, diz Franciscus van Meel, diretor do departamento de mobilidade elétrica da Audi, criado há dois anos, mostrando que a companhia já estabeleceu sua estratégia. Com cerca de 400 pessoas trabalhando exclusivamente com temas ligados a essa área de pesquisa e desenvolvimento, “estamos evoluindo na velocidade da luz”, diz Van Meel. Alinhada com a crescente demanda por “carros verdes”, a Audi começa a produzir na Alemanha, em 2012, o Audi R8 e-tron, 100% elétrico. Será um marco importante. Apresentada pela primeira vez em 2009 no Salão do Automóvel de Frankfurt, a tecnologia e-tron está hoje em teste no mercado. “Já apresentamos diversos carros-conceito movidos a eletricidade, mas não basta desenvolvê-los. Agora queremos ver de que forma os consumidores utilizarão esses carros”, explica Van Meel.
Para Dietrich Engelhart, diretor da área estratégica de carros elétricos na Audi, os clientes da marca esperam performance. “Continuaremos correspondendo a essa expectativa”, comenta, em entrevista para a Audi Magazine. Prova disso é o desempenho do Audi R8 e-tron, acelerando de 0 a 100 km/h em 4s8 e atingindo velocidade máxima de 200 km/h. Parte dessa perfomance se deve a um conceito novo que utiliza quatro motores, um em cada roda. Com a bateria totalmente carregada – três horas em uma tomada comum ou meia hora em postos especiais – ele terá autonomia para rodar cerca de 50 quilômetros. Caso você tenha de ir mais longe ou não tenha como recarregar a bateria, o Audi R8 e-tron traz um motor interno a combustão, em versão compacta, que recarrega a bateria enquanto você dirige – aumentando sua autonomia para 250 quilômetros. “Na maioria dos casos, ele não será necessário, mas é uma tranquilidade tê-lo a bordo”, relata Van Meel. O e-tron é fruto do amadurecimento de um conjunto de ideias sem o qual não seria possível um modelo elétrico viável ao consumidor fi nal.“Na Audi, dizemos que um longo caminho levou a ele: há vários passos tecnológicos anteriores que tornaram o e-tron possível”, explica Felipe Gomes, gerente de produtos da Audi Brasil.
Nos anos 1990, as técnicas de construção mais avançadas permitiram a Audi ter carros com carroceria de alumínio – mais leves e, portanto, mais eficientes e com menor consumo de combustível. Hoje, para que um carro elétrico seja viável, é preciso considerar o peso extra do motor e da bateria. Essa “economia” de peso torna possível que os carros híbridos, por exemplo, possam ter tanto um motor elétrico quanto um a combustão. “A grande questão sempre será o tamanho da bateria para render uma autonomia maior, sem problemas de espaço e de custo extra”, projeta Felipe. Outro passo importante nesse caminho rumo à eletrificação é o sistema “start-stop”, que desliga o motor de maneira automática quando o carro está parado, proporcionando economia de combustível e um alívio e tanto nas emissões de poluentes nos congestionamentos. “São tecnologias que ajudam a despertar a atenção do consumidor para carros que sejam ecologicamente corretos”, avalia Gomes. Na Europa, esse questionamento é uma realidade. “Até mesmo em uma mesa de bar, os consumidores já trocam informações sobre como seus carros conseguem uma menor emissão de CO2. Essa tendência certamente virá para outros países, como o Brasil.”
O rumo da Audi à eletrificação contará com outro lançamento importante em 2012, com chegada ao Brasil prevista para o segundo semestre: o Audi Q5 híbrido, com o consagrado motor TFSI 2.0, eleito por cinco anos o “propulsor do ano”, na Europa, trabalhando em conjunto com um motor elétrico de 40 quilowatts e uma bateria de lítio de apenas 38 quilos. “Esse modelo é um divisor de águas para nós quando o assunto é o futuro de carros elétricos”, diz o diretor do projeto Bernd Huber. Será o primeiro híbrido com essa configuração a ser fabricado em série pela Audi – em seguida virão o Audi A6 e o Audi A8. Eles farão até 3 quilômetros com o uso exclusivo do motor elétrico, em velocidade de até 60 km/h. Pode parecer pouco, mas já é um passo importante rumo à redução de emissões e, sobretudo, à viabilização da tecnologia dos motores elétricos. “Os estudos mostram que essa pequena autonomia já é suficiente para fazer diferença em boa parte dos deslocamentos urbanos, de curta distância e baixa velocidade”, afirma Gomes.
Outra dúvida comum em relação aos modelos híbridos é como se abastece o motor elétrico. Pois aí todos hão de se lembrar da aula ginasial de ciências: na natureza nada se perde, tudo se transforma. O consumidor não precisará colocar o Audi Q5 híbrido na tomada – um sistema de recuperação de energia cinética recarrega a bateria a partir das próprias freadas do carro. Quem é fã de F-1 já conhece bem a sigla desse sistema, KERS (de Kinetic Energy Recovery System). Como nas corridas, no Audi Q5 híbrido o sistema também ajudará nas ultrapassagens: quando a bateria estiver carregada, ao pisar fundo o motorista terá um ganho extra de potência, combinando a “cavalaria” do motor elétrico (54 cavalos) e o de combustão (211 cv). Eis a resposta da Audi para quem achou que o carro com menos emissões teria menos performance.
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