Assado na caatinga

Ecomotion promete assar os competidores dos miolos aos pés

por Carlos Sarli em

POR CARLOS SARLI

Os únicos lençóis que 240 atletas verão nos próximos dias serão os Lençóis Maranhenses. O cenário deslumbrante e inóspito faz parte do roteiro de 520 quilômetros do Ecomotion Pro, corrida de aventura que este ano vale como o Mundial da modalidade.

Sono, algo estratégico nesse tipo de competição, nem está entre as principais preocupações das 60 equipes de 19 países que largarão no domingo. A falta de água, o calor excessivo e os fortes ventos, que podem ser aliados ou adversários, devem incomodar mais que as raras horas de sono que as equipes de ponta costumam ter numa prova dessas.

Ceará, Piauí e Maranhão fazem parte do caminho, que será cumprido em 100 quilômetros de corrida, 287 de bike, 136 de canoa e mais 32 velejando numa embarcação de pescadores. Isso por mangues, rios, mar e desertos. Uma parte do trajeto já foi batizada de “Caldeirão”, um longo trecho de caatinga que promete assar dos miolos aos pés dos competidores.

Equipes nórdicas como a da Suécia planejam acelerar o ritmo à noite, quando o calor fica mais brando. A quantidade de água a carregar é outra tática importante. Decisões que vão do calçado adequado à navegação são determinantes, e a organização estima que as primeiras equipes chegarão quatro dias após a largada.

O esporte existe há 19 anos e há dez chegou ao Brasil. Esta é a sexta edição do Ecomotion, que vale como etapa do Adventure Race World Championship e pela primeira vez é o Mundial. A equipe Nike, atual campeã, e ícones do esporte como Robyn Benicasa e Neil Jones fazem os últimos preparativos. A americana Sole e a brasileira Oskalunga estão entre as equipes que terão duas mulheres (ao menos um de outro sexo é exigência).

Esta promete ser a mais difícil Ecomotion já realizada, e uma grande oportunidade para equipes brasileiras como Lontra, SOS Mata Atlântica, Oskalunga se destacarem.

Um sistema de localização, SPOT, será usado pela primeira vez no Brasil; ele permite que a corrida tenha espectadores em tempo real através do site da prova no formato Google Maps. Além de aumentar a segurança, destaca o diretor técnico Tiago Valois.

MUNDIAL DE SURFE – WCT
O Hang Loose etapa de Imbituba, SC, foi interrompido na quarta e poderia voltar hoje. Com 13 tops ausentes, 20 brasileiros estão na prova, aumentando a chance de quebrar um jejum de dez anos sem vitória. Melhor para Heitor Alves e Rodrigo Dornelles, que ainda tentam vaga para 2009.

SURFE ÀS CEGAS
Uma bateria na última etapa do Estadual do Rio colocará profissionais vendados competindo com deficientes visuais, dia 7, na Barra.

SURFE COM LENTES
Sebastian Rojas dá curso de fotografia que começa com aulas teóricas na Estácio, Rio, dia 6, e termina em Saquarema, dia 9, na prática.
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