As consequências de nossos atos

por Luiz Alberto Mendes em

         ERROS  E  ACERTOS

 

O que é errado e o que é certo? Andei constatando que tudo o que é errado parece dar certo, enquanto aguardamos o instante em que a vida se autocorrigirá. Percebo que fazemos muito poucas coisas certas. Sempre há desvios. Parece, não conseguimos fazer as coisas sempre exatas. Isso no campo do relacionamento e das atitudes humanas. Porque mecânica e eletronicamente damos show.

Sabemos executar quase tudo com grande aproximação à perfeição. Nossa precisão é de centésimos de milímetros. A física quântica, a matemática binária, as memórias virtuais e a velocidade de um processador, são extraordinárias. Fora do espaço físico somos uma lástima. Vivemos a abreviar quando que não podemos ser resumidos, dada nossa complexidade. Somos extensos e ampliar é compulsivo. Sei que errar faz parte da condição de existir, mas como podemos errar tanto?

Vacilei, falhei, fragilizei e vivi limitado quase o tempo todo de minha existência. Depois aprendi a esperar as consequências de meus atos. Ao jogar uma pedra para o alto, estar atendo à descida. Nós armamos as armadilhas onde nós mesmo cairemos, esquecidos. 

Não busco em mim o que posso encontrar nos outros. Não me sinto ao alcance dos dedos ou dos lábios. Não é mais possível pequenos acertos ou me ocupar somente de alguém em particular. Não quero mais ter que me desculpar. Estou velho (fiz 61 anos onteontem), cansado de errar e ficar me lamentando ou justificando, frustrado e decepcionado comigo mesmo.

Não devia esperar pelo pouco que aprendi. Mas me concedi e mesmo que não tendo aprendido nada direito, ainda assim quis seguir de olhos ardentes e coração indômito. Nada, nem o tédio ou angústia, acabam com minha fome de viver além de minhas falhas e defeitos. Meus erros sempre foram sólidos e fartos, dominaram o cenário e me fizeram sofrer do mesmo tamanho. Errei por quase todas as razões. Fui um homem que abraçou a ilusão de que poderia driblar as conseqüências, de maneira tola e estúpida. Mais de uma vez me assustei ao escutar meus próprios gemidos. A vida me despiu, mas eu já não usava roupa alguma.

Escrevo agora o que precisava estar falando. Vivo a seco sempre com algo para dizer. Sei que desagrado, que até magôo e firo. Preferia ter outra história, mas vida não ficará suspensa, esperando minha reação.

Todos nos enganamos e que desse encadeamento de enganos, falsificamos verdades e as vendemos como produto legítimo. Nossa densidade tem sido construída por infortúnios, embora viver seja tão belo que nem parece com a vida que conhecemos. A vida deixa claro que mesmo errando tanto, ainda estamos certos em persistir. Acertar não é importante, a vida seguirá, apesar de nossas derrotas ou vitórias.

Tudo o que quero é nascer de novo ou morrer de uma vez. Porque qualquer coisa é melhor do que ficar calado e respirando forte na escuridão.

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Luiz Mendes

06/05/2013.    

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