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Série limitada com visual retrô comemora os 50 anos no Brasil da incansável Kombi, que não pretende largar o batente tão cedo

por Luiz Guedes em

POR LUIZ GUEDES JR. FOTOS PEETSA

Lá se vão cinco décadas que a boa e velha Kombi bate o ponto diariamente nas mãos de milhares de motoristas brasileiros. Foi o primeiro veículo produzido pela Volkswagen do Brasil, em 1957. Para comemorar esse feito, a fábrica produziu uma série comemorativa limitada a 50 exemplares, com direito à nostálgica pintura em duas cores (popularmente chamada de saia-e-blusa) e a outros elementos de estilo retrô.
O mais longevo e ubíquo automóvel nacional assistiu de camarote ao nascimento da nossa indústria automobilística, transportou milicos e nervosos megafones estudantis no auge da ditadura, acompanhou o movimento das Diretas já e deu “trampo” nas mais variadas funções, de ambulância a camburão e carro funerário. Nesses anos de produção ininterrupta, colecionou recordes de vendas tão expressivos quanto a força de seu design – ou a falta dele. Afinal, tão clássico quanto a própria Kombi é o seu formato “pão de forma”, gravado na retina de qualquer cidadão.
Com aproximadamente 1,5 milhão de unidades vendidas, a Kombi jamais perdeu a liderança no segmento, apesar de nos últimos anos competir com modelos nacionais e importados bem mais modernos e avançados. O forte elo entre a perua e o trabalhador brasileiro está exatamente no fato de ambos se sobressaírem por virtudes como persistência, valentia e, por que não, teimosia. A Kombi personificou o arquétipo do operário nacional e fez dessa relação um casamento perfeito.

BARBEIRO NA KOMBI
Mas pode esquecer o velho clichê de feirante e carreto. “Uso minha Kombi para trabalhar e viajar constantemente”, conta o jornalista Heródoto Barbeiro, que se rendeu à versatilidade da Kombi ainda nos idos de 1974, dois anos após comprar um sítio em Taiaçupeba, bairro de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo. De lá pra cá, nada menos do que sete exemplares da perua já passaram pela sua garagem. “Não existe veículo melhor que a Kombi”, defende Barbeiro. “Ela passa em lugares que nem jipes passariam e acomoda até 12 pessoas”, diz.
Viciado em trabalho (acorda antes das cinco da manhã para ir à rádio CBN, onde entra no ar às 6h, e só vai dormir após o jornal da TV Cultura, que começa às 22h), o jornalista workaholic dirige o utilitário com maior freqüência nas idas e vindas do sítio, onde planta milho e feijão, ou então para ir a retiros budistas, onde neutraliza o estresse paulistano – além de usá-la no transporte do ferro-velho que, acredite, costuma catar pelas ruas para reformar. Mas é circulando no dia-a-dia pela metrópole que Barbeiro coleciona as melhores histórias a bordo das Kombis de sua vida. Em uma ocasião, no hotel Jequitimar (Guarujá), o jornalista foi impedido pelos seguranças de estacionar na área dos convidados. “Disseram que as entregas eram feitas pelos fundos. Expliquei que era palestrante e deixei as chaves com o manobrista. Quando voltei, o carro havia sumido. Estava na área de serviço”, sorri Barbeiro, que nem por isso pensa em trocar a Kombi 2007 por um utilitário esportivo ultramoderno. “A Kombi está enraizada na nossa cultura. Se tem algum veículo que simboliza o trabalhador brasileiro, sem dúvida é ela.”

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