A Festa do Livro

por Luiz Alberto Mendes em

 

Bienal Brasil do Livro e da Leitura

 

Semana passada participei da 1ª Bienal do Livro de Brasília. Fui contratado para fazer palestra e Oficina de Leitura. Fui também convidado a visitar duas prisões e conversar com os homens lá presos.

A feira estava linda e bastante espaçosa, como deve ser uma Bienal do Livro. Fui apresentado e comecei a falar com tranquilidade. Foi uma palestra bastante agradável; não havia tempo estipulado. Depois vieram as perguntas. Algumas me enquadraram, fiquei sem saídas. Não sei tudo, somente algumas poucas coisas. Ao termino fui rodeado por pessoas que queriam me conhecer mais e comprar meus livros. Houve quem testemunhasse que havia assistido à palestra chorando o tempo todo.

Logo em seguida fui sendo levado para o stand da Geração Editorial que editou meu livro “Tesão e Prazer”. Autografei livros. Sem perceber direito o que acontecia, fui levado para entrevista para TV local. Depois vieram jornais, revistas e por fim uma entrevista ao vivo pela Rádio Cultura, com meu editor. Sai com a garganta pegando fogo.

Dia seguinte partimos para a região da Papuda, onde ficam as prisões do Distrito Federal. Entramos em uma penitenciária, os ex-companheiros me aguardavam. Conversei tentando convencê-los de que o livro pode ser um caminho de salvação. Mostrei que se eu estou conseguindo, eles também são capazes. Não sou melhor que ninguém, muito pelo contrário. E, principalmente, que não importa o que o mundo possa ter feito a eles, mas sim o que eles fariam com isso a partir dali.  

Em seguida fui levado ao Centro de Detenção Provisória e repeti a conversa. Mas agora com mais ênfase, o pessoal parecia mais receptivo. Abri o coração. Ao fim, o Diretor da unidade se emocionou e falou também. Não esperava, mas foi extremamente agradável poder conversar com aquele meu povo. A receptividade foi excelente, sai da Papuda bem pago e com a alma cheia.

E agora vinha a parte mais difícil do meu trabalho; a Oficina de Leitura e Texto. Mas também a mais interessante porque sempre instiga e desafia. Estava inspirado e foi mesmo muito bom falar de leitura, escrita, livros, escritores e correlatos. Ler e escrever são meu cotidiano há mais de 11 anos. Então é algo que falo de boca cheia a algum tempo, com algum conhecimento. Tive uma “conversa de escritor” com os participantes que foi muito gratificante. Consegui conversar sobre estruturas de leituras bastante interessantes.

No balanço geral tenho a impressão que nunca senti uma vontade tão grande de ser escritor. O respeito, a consideração e a admiração de pessoas inteligente, respeitáveis e com ações no mundo, não há o que pague. Aqueles olhares carinhosos que me acompanhavam enquanto eu falava, encheram minha alma do prazer de estar vivo e atuante.

Esse é meu mundo, esse é meu povo, esse é meu trabalho. Seduzir, encantar, fascinar, conquistar pessoas para a importância que pode vir a ser a leitura e a escrita na vida delas. Mostrar o livro como fonte inesgotável de prazer e como forma de relacionamento da vida de cada um com a realidade geral. Passar a elas o quão significante para minha reintegração social foi o livro. A vontade é de estudar mais, aprender mais, para poder oferecer mais.

Meus mais sinceros agradecimentos à Roseli Araujo da FUNAP que me divulgou e realizou comigo um trabalho digno nas prisões. A Luiz Fernando Emediato, meu editor, que facilitou tudo. Quero agradecer também todos que me divulgaram, apoiaram, orientaram e me trouxeram à Brasília. Vocês me fizeram feliz.

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Luiz Mendes

25/04/2012.

  

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