A Esperança do Amor

por Luiz Alberto Mendes em

 

Minha ordens são dirigidas para mim mesmo. Prescrevo meus próprios remédios e minha vontade de poder é poder sobre mim mesmo. Quero superar o que sou porque não me aguento mais na rotina de ser eu mesmo. Careço sempre de me superar, me expandir, alargar meu o espaço dentro de mim, dilatar o que vejo e faço em direção ao mais, sempre mais. Eu me destruo, me espedaço e desconstruo para ampliar espaços de construção mais significativa, mais atual dentro de mim.

E essa superação, esse esforço tem por finalidade as outras pessoas. O sentido, o meio e o fim da existência esta no outro. Quero me tornar melhor para elas, mesmo porque considero que a outra pessoa é o que me falta para que eu me torne eu mesmo. Quero vivenciar ainda, antes de morrer, relacionamentos propriamente humanos e me preparo para isso. A esperança do amor há de ser minha atitude com relação às pessoas. A esperança que é a embasada na certeza de que o que esta ai não é tudo; porque não exploramos todos os possíveis já que ainda não tentamos o impossível. A esperança do amor é acreditar que a outra pessoa é capaz do impossível; que todos somos capazes de nos transportar além de nossas fronteiras pessoais. Meu sonho é libertar o miserável de sua opressão, mas também libertar o senhor de seu poder, já que ambas posições são limitadoras de suas humanidades.

Na verdade acho que não somos nada enquanto não conseguimos estar acima dos estreitos limites de nossas necessidades pessoais e interesses individuais. A pergunta que a vida nos faz é sempre no sentido do que estamos fazendo pelos que de nós necessitam. Tornamo-nos devedores de todos os seres que de nós precisam; responsáveis pelo bem estar de cada um de nossos semelhantes. É a ignorância disso que nos trouxe até aqui assim individualista, egocêntricos e egoístas como estamos constituídos. O crescimento material foi transformado em um fim em si mesmo. Crescemos porque crescemos. E por conta disso ficamos menores à medida do que o que fazemos fica maior que nós. O senso de participação, a vontade de fazer pelo outro restam perdidas e o conteúdo de nossas vidas vai sendo esvaziado de significados.

Na verdade acredito que esses problemas que não conseguimos ainda solucionar, empurram nossos sonhos e ideais de um mundo melhor para cada vez mais longe de nós. É preciso fazer alguma coisa, tento fazer minha parte.

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Luiz Mendes

20/04/2015.

 

 

 

 

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