A culpa é do mordomo

Auxiliar do Papa é preso na Itália por vazamento de documentos confidenciais do Vaticano

por Luiz Filipe Tavares em

Diretamente das páginas das novelas policiais para a vida real, mais um mordomo foi considerado culpado. E o mordomo em questão, é o assistente pessoal de ninguém menos que o Papa Bento XVI, que foi pego com a boca na botija portando documentos secretos do Vaticano. Seu nome: Paolo Gabriele, o garganta profunda do jornalista Gianluigi Nuzzi, autor do recém-lançado livro Sua Santita (Sua Santidade, em tradução livre). Gabriele foi detido em seu apartamento na última sexta (25), onde autoridades do Vaticano encontraram centenas de documentos secretos das autoridades católicas.

Trabalhando na câmara papal desde 2006, o mordomo acumula funções como andar no banco da frente do Papamóvel e receber autoridades que chegam ao Vaticano, e é uma das poucas pessoas que tem acesso à mesa de Bento XVI. Ele vem colaborando com Nuzzi desde pelo menos 2009, tendo informado o jornalista sobre lutas internas pelo poder no centro nervoso da igreja católica, divulgado correspondências pessoais de cardeais e até revelado memorandos internos com dados e declarações comprometedoras de grandes figuras da igreja.

Sua Santita foi lançado no domingo passado, dia 20, e já figura na lista dos mais vendidos do país. Em entrevista à CNN, Nuzzi se recusara a divulgar qualquer informação sobbre sua fonte, à qual deu o nome ficctício de Maria. No livro estão denúncias de fraude e lavagem de dinheiro e incriminam nomes do alto escalão católico, incluindo o enviado papal a Washington, Carlo Maria Vigano. As autoridades católicas ainda não responderam oficialmente as acusações, mas negam a autenticidade dos documentos apresentados.

Paolo Gabriele está detido dentro da cidade do Vaticano, que goza de independência política da Itália e tem seu próprio sistema de justiça. Ainda não se sabe se o mordomo será julgado por um tribunal italiano ou do enclave murado em Roma.

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