Campeões ignorados

Brasileiros campeões do mundo, um no windsurf e outro no kitesurf, seguem no anonimato

por Tiago Brant em

Marcílio Browne de Oliveira Neto está com frio. Ele anda pela praia de Ibiraquera, litoral sul de Santa Catarina, de tênis e casaco. Está com saudades de casa, em Fortaleza, onde os ventos ultrapassam os trinta nós. Há três dias o campeão mundial de windsurf na categoria Freestyle (2007) espera pelo vento, assim como todos os demais competidores presentes à 16ª edição do IWC (Ibiraquera Wave Contest), o mais tradicional campeonato de Windsurf nas ondas do Brasil.

Outro campeão mundial encapotado é Guilly Brandão. Ele é o maior expoente brasileiro no Kitesurf, tendo sido tetracampeão brasileiro no Kite Freestyle, antes de se dedicar de corpo e alma ao Kite nas ondas. Resultado: Bicampeão mundial de Kitesurf Wave. Os dois já seriam uma enorme zebra para o esporte nacional, não fosse a presença do tricampeão mundial e competidor mais celebrado de Ibiraquera, a estrela do evento Kauli Seadi.

Kauli chega espalhando areia a bordo de mais um de seus brinquedos, uma minimoto de 80 cilindradas. Ultimamente, além de destruir seus adversários nas ondas ao redor do mundo, ele tem se dedicado a outros esportes como o Kite e o Stand Up. Não por acaso, as duas modalidades foram incorporadas ao tradicional IWC, afinal, Ibiraquera é o pico ideal para a prática das três modalidades. Tem vento de sobra para os esportes de vela e um canal profundo para levar os praticantes do “Stand Up” sem traumas ao Outside.

E foi justamente o surf a remo que salvou o evento nessa última edição. Contra todas as probabilidades, o vento não compareceu durante quase toda a janela de espera para a realização do campeonato e a única modalidade que chegou às finais foi justamente o SUP (Stand Up Padlle), como é mais conhecido o surf a remo. E Kauli já deixou sua marca: foi vice-campeão, atrás apenas do especialista no assunto Alexandre (Leco) Salazar.

Durante um grande hiato de vento na praia de Ibiraquera, os três amigos e campeões mundiais se reuniram para discutir a popularidade dos esportes de vento e onda num país com mais de 8.000 quilômetros de litoral.

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