Próxima parada: maconha
O deputado Jean Wyllys agora tem como alvo a política de drogas
A gritaria foi imediata – no plenário, na imprensa, nas redes sociais. E ele sabia disso. “Mexer com preconceitos implica em virar alvo de toda sorte de flecha raivosa de gente mal informada, reacionária ou mesmo mal intencionada”, escreveu, em resposta às críticas, esclarecendo como um mantra: “Não é liberação. É regulamentação”.
O projeto do deputado – que foi homenageado pelo Trip Transformadores em 2011 – vem na esteira de experiências de países como os Estados Unidos e, mais recentemente, Uruguai. E se apoia em discussões internacionais que, cada vez mais, veem como falida a política do proibicionismo, cujo carro-chefe é a repressão.
“Você sabia que o Brasil registra mais de 50 mil homicídios por ano e que mais de 70% desses homicídios estão ligados à guerra das drogas? Você sabia que hoje no Brasil tem mais de 10 milhões de pessoas fazendo quimioterapia com diferentes tipos de cânceres, que poderiam usar produtos derivados da cannabis para suportar o tratamento com menos enjoos, tonturas, vômitos e dores e não usam porque o uso desses produtos é proibido no Brasil?”, argumentou Wyllys em uma conferência.
Convencido de que a atual política de guerra às drogas só tem trazido mais violência e mortes – principalmente de jovens pobres e negros, frisa – ele pretende iniciar, com o projeto, uma discussão que no Brasil sempre ficou debaixo do tapete. “Espero que seja o pontapé inicial de um amplo debate social que começa, mas não acaba com essa proposta”, diz ele, confiante.