Razões para acreditar no Brasil
Veja como foi a 11º edição do Trip Transformadores – celebrando a vida e o trabalho de 11 pessoas que mostram como ainda faz sentido ter orgulho do país
A noite de 23 de novembro, no Auditório Ibirapuera, foi de celebrar aqueles que dedicam seu tempo, talento e energia para pensar e colocar em prática diariamente um Brasil diferente desse que tem se mostrado em um momento de distopia política, corrupção e desgoverno. “A gente vai ver aqui hoje que ainda faz sentido acreditar nesse país. Esse evento é como acupuntura – é uma coisa pequena, mas que consegue reverberar em tudo.” Com essas palavras, Paulo Lima, publisher e sócio-fundador da Trip Editora, abriu a premiação da 11ª edição do prêmio Trip Transformadores.
ASSISTA:
Além da plateia lotada, a cerimônia foi, pela primeira vez, transmitida ao vivo pelo Facebook. No mesmo canal, antes de as premiações começarem, a apresentadora Roberta Martinelli conversou, no foyer do Auditório, com convidados e homenageados do prêmio. Passaram por ela Djamila Ribeiro, Lenine, Rafaela Silva, Paulo Miklos, Ronaldo Lemos, Dan Stulbach, Marina Person, Criolo, Amyr Klink, Bruna Linzmeyer, Emicida, entre outros que você pode conferir no vídeo abaixo.
VEJA COMO FOI O ESQUENTA:
David Hertz
Primeiro homenageado da noite, David foi premiado pelo Gastromotiva, que, entre outras atividades dentro da ideia de gastronomia social, já formou mais de 10 mil pessoas de baixa renda como auxiliar de cozinha. Ele recebeu o prêmio das mãos do advogado Ronaldo Lemos e da cantora Fernanda Abreu. “Eu fiquei emocionada com esse vídeo. Mais do que um projeto pessoal é um projeto de amor”, disse Fernanda. “O trabalho dele nos lembra que o Brasil ainda é um país que luta contra a fome”, refletiu Ronaldo. Visivelmente emocionado, David agradeceu a todos que trabalham com ele no projeto e pensou sobre o que faz. “Hoje é uma grande celebração da gastronomia social. Esse projeto pode se espalhar. Trazer de novo o papel da comida para unir pessoas”, acredita.
José Roberto Nogueira
Aos 18 anos, ele deixou a falta de perspectiva na pequena Pereiro, no semiárido cearense, para buscar oportunidades. Autodidata, estudou eletrônica e empreendeu. De seu esforço e pensamento social nasceu a Brisanet, que já foi a maior operadora de internet a rádio do Brasil e é hoje dona de 18 mil quilômetros de cabos de fibra ótica, pelos quais leva internet de alta velocidade a mais de 100 mil residências do Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. “Se quando eu tinha 17 anos tivesse isso eu não teria ido pra São Paulo”, explicou José Roberto ao receber seu prêmio das mãos do CEO da Boticário, Artur Grynbaum.
Nina Valentini e Ari Weinfeld
Aqueles centavos que geralmente não fariam falta a quem está no caixa do supermercado têm o poder de transformar vidas. Foi a partir dessa percepção que Ari e Nina criaram o Arredondar, que possibilita ao consumidor do varejo destinar os centavos que serviriam de troco a projetos sociais, a partir da plataforma criada pela dupla, que recebeu o prêmio das mãos do diretor de marca e marketing do banco Santander, Igor Puga. “Eu quero tirar uma selfie aqui com essas pessoas. É um prazer enorme entregar esse prêmio pra essa dupla”, brincou. “Uma grande rede pode arredondar R$ 25 milhões por ano”, contou Ari ao receber a premiação. “Eu estou muito emocionada. Nosso lugar, de canalizar doações, deveria ser mais fácil e não foi. Enquanto doar for difícil, o Arredondar vai existir”, completou Nina.
Paulo Mendes da Rocha
Principal arquiteto brasileiro vivo, Paulo recebeu sua homenagem das mãos do artista multimídia Tadeu Jungle e da cineasta e apresentadora Marina Person. Tadeu lembrou da marca que fez o trabalho de Paulo ser homenageado no Trip Transformadores: ”A gente vê na obra do Paulo a ideia de propor esse pensamento social. É um luxo poder se debruçar na questão estética e fazer um trabalho social também”. E ele faz isso: está sempre pensando em caminhos que façam da arquitetura um pensamento maior do que construir casas. “Aprendemos hoje muito com as coisas que vimos. Fica patente que todos nós vivemos do projeto que fazemos sobre a nossa vida. Temos a liberdade de fazer o que quisermos para construir a vida humana no universo”, refletiu Paulo.
Abdalaziz Moura
O apresentador Serginho Groisman, que entregou o prêmio ao lado do rapper Criolo, festejou a existência de alguém como Moura – homenageado pelo projeto Serta, que criou em 2009 e hoje tem transformado a vida do morador do semiárido nordestino, através da educação e dos conceitos de sustentabilidade. “Existem pessoas que desafiam o coro dos contentes, como dizia Torquato Neto. Esse prêmio faz isso.” Moura, que quase não acreditou quando foi avisado que receberia o prêmio – “Quando me ligaram, achei que era uma pegadinha” –, dividiu o momento e pediu para dois colegas, e seu filho caçula, subirem ao palco. “Esse prêmio não é meu. É desses atores que mostraram que é possível plantar flores no deserto, fazer sempre alguma coisa por pior que sejam as adversidades.”
Ana Claudia Quintana Arantes
Morrer em sofrimento era, desde que entrou na faculdade de medicina, algo que angustiava Ana Claudia, que fez desse sentimento um projeto emocionante chamado Casa do Cuidar, que visa cuidados paliativos e apoio psicológico para familiares, além oferecer cursos para cuidadores, médicos e outros profissionais de saúde. “A morte ensina o que é prioridade, não dá pra você perder esse momento tão importante da sua vida. A história de vida que cada um de nos vai traçar precisa passar pela compaixão. O Brasil que a gente quer ver é o que pratica a compaixão. É o caminho mais transformador”, disse Ana, que recebeu o prêmio das mãos do ator Dan Stulbach e do sócio e diretor da Almap BBDO Luiz Sanches.
Leo Figueiredo
Existem projetos que transformam o mundo de maneira direta, como são muitos dos que receberam o Trip Transformadores ao longo dos últimos 11 anos. Mas outros tantos não conseguem decolar – e não deixar que isso aconteça é a missão da Quintessa, que rendeu o prêmio entregue pelo diretor executivo da Suzano Papel e Celulose da Suzano, Leonardo Grimaldi, e pelo velejador Amy Klink. ”O Quintessa é a combinação entre propósito e resultado. Não vejo sentido em uma empresa não olhar para as pessoas de forma humana”, explicou Leo, sobre o seu projeto de aceleração de empreendimentos de impacto social. “Se eu posso e se há tanta carência, por que não fazer? Não é compensar, é muito maior. É porque eu existo“, completou.
Rafaela Silva
Momento mais emocionante da premiação, a judoca não conseguiu evitar as lágrimas ao lembrar sua trajetório – que inclui momentos de reviravoltas e uma luta para o superar o racismo e o ódio social – e levou junto com ela toda a plateia do Auditório Ibirapuera. A emoção de Rafaela era compartilhada por Geraldo Bernardes, o técnico que a descobriu no projeto Reação, que a apoiou com o próprio dinheiro e amor ao longo de toda essa luta e nesta noite entregou a ela o Trip Transformadores: “Eu ficaria um dia inteiro aqui falando sobre a Rafaela”, brincou Geraldo. “Eu estou muito feliz de ser homenageada essa noite. Pra mim, a homenagem é para o meu treinador, que acreditou no meu potencial e nunca me deixou desistir. Me tornei a única mulher brasileira campeã mundial e olímpica de judô”, finalizou Rafaela, para sair do palco abraçado com seu mentor.
Djamila Ribeiro
Uma luta que se dá de maneira contínua para dar voz a quem normalmente é apagado pela história – negros, pobres, mulheres. Djamila não para de colher o reconhecimento de quem acompanha seu trabalho como filósofa e ativista. Mas para vencer o machismo e o preconceito racial a caminhada é longa, como lembrou Eliane Dias, CEO da Boogie Naipe e mulher de Mano Brown, responsável por entregar o prêmio ao lado da atriz Bruna Linzmeyer. Djamila lembrou dos familiares e de todo mundo que lutou antes dela e possibilitou que ela se tornasse a referência que é. “Eu venho de uma família que sempre me mostrou a importância de eu entender quem eu era e não ter vergonha de quem eu sou”, disse, para completar sobre o prêmio. “A gente produz muita coisa, o que nos falta são oportunidades e visibilidade. Obrigada a todos que pegaram aquilo que poderia ser a destruição e fizeram disso a transformação. É nisso que eu acredito.”
Lenine
Dono de uma carreira musical festejada, não foi pela música que Lenine se tornou um dos premiados. A música, assim como a visibilidade que ela lhe traz, foi usada por ele como instrumento para incentivar e jogar luz em projetos que cuidem de nosso ecossistema. “É muito importante agradecer uma pessoa que usa seu tempo, seu talento e sua visibilidade para algo tão importante como a nossa flora”, disse o rapper Emicida, que entregou o prêmio. Lenine celebrou lembrando de seus pais e dos muitos outros transformadores sociais homenageados pela Trip. “Hoje eu tenho certeza que faço parte da turma que ousa pensar num futuro melhor para todo mundo. Vou dedicar aos meus pais, Seu Geraldo e Dona Dirce. Foi o código que me passaram que me trouxe até aqui. Seu Geraldo me disse que a maior invenção da humanidade foi a tecnologia do afeto. É muito bom quando a gente ganha um prêmio e está vivo pra receber”, brincou.
Gol Novos Tempos
Conectado ao mesmo espírito do Trip Transformadores, de promover histórias que fazem a diferença no país, a primeira edição do prêmio promovido pela Gol Linhas Aéreas Inteligentes entregou suas estatuetas junto com o evento da Trip Editora. Os homenageados foram Lorrana Scarpioni (Bliive), Ronaldo Lemos e Marlon Reis (Mudamos), Thiago Tobias (Kwigoo), Henrique Foresti (Robô Livre) e Camila Carvalho (Tem Açúcar?).
A cerimônia de entrega foi conduzida por Paulo Kakinoff, presidente da Gol, e a dupla Adriana Couto e Paulo Miklos, apresentadores do prêmio, que mergulharam no projeto desde o início. Kakinoff explicou que o objetivo foi homenagear pessoas que dedicam o próprio tempo para dar “mais vida ao tempo dos outros”. “O mais legal desse prêmio da Gol é que ele homenageia pessoas que entenderam que o tempo é nosso bem mais precioso e que ele vale mais quando usado para atividades que agreguem prazer, propósito e significado à nossa existência”, comentou Adriana.
Os shows
Antes da entrega dos prêmios, o primeiro show da noite homenageou Luiz Melodia. Zélia Duncan fez uma versão inspirada de “Magrelinha”, em voz e violão. A noite teve ainda apresentações de Emicida com o grupo Os Prettos, cantando a música “Samba do fim do mundo”, e de Hyldon com seu clássico “Na rua, na chuva, na fazenda”. O número final juntou todos os artistas cantando “Vamo comer”, de Caetano Veloso e Luiz Melodia.
O Trip Transformadores é apoiado por marcas com princípios alinhados à iniciativa e a seus homenageados. Este ano, o prêmio tem patrocínio master do Grupo Boticário, nosso parceiro desde 2008, patrocínio de Gol Linhas Aéreas Inteligentes, Santander e Novo Ford EcoSport, além do apoio de Almap BBDO, Academia de Filmes, Suzano Papel e Celulose e Update or Die!
Créditos
Imagem principal: Simon Plestenjak
Fotos: Simon Plestenjak