Ravel Andrade: a dor e beleza de ser pai e viver Raul Seixas
Entre o sítio da infância e os grandes papéis da TV, ator fala sobre arte, família, paternidade e o mergulho profundo que foi viver o Maluco Beleza
Ravel Andrade interpreta Raul Seixas na série "Raul Seixas: Eu Sou", do Globoplay / Fotos: Loiro Cunha
Por Redação
em 17 de outubro de 2025
“Quando interpretei o Raul, eu precisei me isolar. Quis entender aquele vazio. Fiquei muito sozinho, longe dos amigos, mergulhado nele. No fim, precisei tirar o Raul do meu corpo, como se dissesse: ‘sai de mim’”, disse o ator e cantor Ravel Andrade. No Trip FM, o ator, cantor e compositor fala sobre o intenso mergulho para viver um dos maiores ídolos da música brasileira em “Raul Seixas: Eu Sou”, série do Globoplay que apresenta a trajetória do eterno maluco beleza.
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No papo com Paulo Lima, ele também comenta sua participação em “O Jogo que Mudou a História”, série que retrata o surgimento das facções do narcotráfico no Rio de Janeiro nos anos 1970, e reflete sobre os desafios de viver da arte. “A carreira do ator é uma profissão perigosa. Quando o trabalho acaba, o dinheiro acaba junto. Depois de meses parado pra curtir a minha filha, eu fiquei sem nada. As pessoas acham que o ator está rico porque aparece na TV, mas essa é uma carreira de altos e baixos, que exige coragem e humildade.”
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A conversa ainda passa por uma nova e transformadora fase de sua vida: a paternidade. Yolanda, fruto da união de Ravel com a atriz Andréia Horta, nasceu em novembro. “Ser pai me mudou completamente. Eu olho pra ela e penso: não tem nada que possa me derrubar. Quero dar o melhor de mim pra essa menina. Acho que nunca amei nada com tanta força.”
Você pode ouvir o programa no play nesta página, no Spotify, Deezer e no YouTube da Trip. Confira um trechinho a seguir!

Você cresceu num sítio, cercado de natureza e família. Que marcas essa infância deixou em você?
Ravel Andrade. Eu cresci num lugar que meu pai chamava de Sítio dos Sonhos. Ele trocou o apartamento da cidade por esse pedaço de terra e levou todo mundo junto — minhas tias, meus primos, os amigos. Era uma pequena comunidade familiar. A gente mergulhava no açude, subia em árvore, cortava o dedo, pisava em prego. Era uma infância raiz, livre, de chão e de vento. Acho que essa essência me acompanha até hoje.
Você e o Julio têm uma relação muito bonita, sem competição. O que ele representa pra você? O Julio sempre foi meu mestre, meu professor. Quando decidi seguir esse caminho, ele me levou pro palco, não pro set. Disse: “Se você quer ser ator, tem que passar pela escola do teatro.” Eu trabalhava no bar do teatro depois das aulas, lavava copo pra pagar o curso. Passei por tudo isso e entendi que o caminho do ator é longo, é feito de estudo e resistência. Ver a luta do meu irmão me ensinou que sucesso não é atalho, é construção.
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A chegada da Yolanda te transformou? Quando ela nasceu, eu tive a sensação de que a vida começou ali. Parece clichê, mas é real. Eu entendi o verdadeiro sentido da palavra propósito. Tudo o que veio antes perdeu um pouco do brilho. Eu olho pra ela e penso: não tem nada que possa me derrubar. Acho que nunca amei nada com tanta força.
Depois de viver o Raul Seixas, o que ficou desse mergulho em um personagem tão intenso? Conversando com as filhas dele, eu entendi que o Raul era muito diferente do mito. Era um cara tímido, amoroso, sensível. Mas que viveu uma solidão profunda. Acho que ele buscava algo que não era palpável, e essa busca sem fim deixou um vazio enorme dentro dele. Quando interpretei o Raul, eu precisei me isolar, entender aquele vazio. No fim, foi um processo de cura. Tive que tirar o Raul de dentro de mim, como se dissesse: “sai de mim.”
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