Por: Dandara Fonseca
Fotos: Valda Nogueira/Divulgação

A plataforma criada por
Caroline Amanda quer
despertar a consciência
cíclica e sexual de
mulheres negras

Yoni das
Pretas

Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Foi na adolescência,
através do movimento
estudantil, que Caroline
Amanda entrou em contato
com muitas questões
sobre a sexualidade
“Voltava pra minha
quebrada falando de
métodos anticoncepcionais,
sexo, abuso, lembra a
paulista, que em 2013
se mudou para o Morro
do Vidigal, no Rio de
Janeiro, para cursar
Ciências Sociais
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Na época, a comunidade
sofria um surto de sífilis
e muitas meninas começaram
a procurá-la para pedir
conselhos
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
“Também convivia com
mulheres com 8 filhos,
que tinham várias caixas
de anticoncepcional em
casa, mas não sabiam
como tomar. Foi então
que eu percebi como a
sexualidade é delicada”
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Em 2016, quando ficou quase
seis meses sem menstruar,
Caroline resolveu se
aprofundar de vez no
assunto e foi atrás de
formações nas áreas da
ginecologia natural e
terapia menstrual 
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
“Com a pornografia,
o patriarcado criou
a narrativa de que um
corpo sexual é distante
de um corpo que menstrua.
Mas a mulher é cíclica,
e esses fatores têm que
ser tratados de forma
integrada, diz 
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Foto: Valda Nogueira/ divulgação
Foi em uma formação
tântrica, em 2018, que
a terapeuta formada em
educação e saúde sexual e
pós-graduanda em ginecologia
natural sofreu uma violência
racial. E percebeu que
ali havia outra luta
“Na hora de aprender
a massagem, ficamos em
dupla. Após sinalizar
à minha parceira que
seus movimentos estavam
me machucando, ela disse
para a instrutora: ‘Eu
não sei o que fazer com
isso daqui’”
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
“Entendi que naquele
espaço meu corpo não era
lido como um corpo que
pudesse ser estimulado
ao prazer de maneira
delicada, diz. Voltei
para casa e criei no
Instagram a plataforma
Yoni das Pretas”
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
A iniciativa é a primeira
página no Brasil com foco
na sexualidade de corpos
negros e conta com serviços
de terapia menstrual e
consultoria sexual, além de
cursos de formação na área
Imagens: reprodução
“Ensinar como sentar ou
como se masturbar é muito
superficial. Quero chamar
o corpo da mulher preta
para a sexualidade em
um lugar amplo, trazendo
o recorte político,
ancestral, diz a terapeuta
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Foto: Jorge Bispo
Ela acredita que uma
das razões do sucesso do
projeto é o fato de mulheres
negras poderem falar sobre
seus corpos de forma
positiva: “A Yoni cresce
por essa demanda de
leveza, de prazer”
Durante os atendimentos,
Caroline também percebeu
a necessidade de auxiliar
meninas e mães a lidar
de forma positiva com
a primeira menstruação.
E assim surgiu a Yoni
das Pretinhas
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
“As mulheres pretas têm
histórico de gestação
precoce. Por isso, é comum
que as famílias recebam
a primeira menstruação
punindo, impedindo a
menina de usar certas
roupas, ficar na rua,
explica
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
“Esse sentimento reverbera
por toda a vida, fazendo
com que a sexualidade
seja afastada. Precisamos
conversar com pessoas que
cuidam de meninas para
que a recepção seja leve,
amorosa e responsável”
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Caroline reforça que todos
os corpos menstruantes
são bem-vindos na Yoni,
inclusive mulheres que
não menstruam mais.
O tesão e a natureza
cíclica existem até
quando fazemos a passagem”
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Foto: Jorge Bispo
Para a terapeuta, um dos
motivos pelos quais a área
do cuidado não é valorizada
é o fato de ser um lugar
destinado às mulheres
– e seu principal objetivo
é mudar esse cenário 
Através da tecnologia e
da educação, quero resgatar
todas as tecnologias de
cura que as mulheres
pretas e afroindígenas
desenvolveram em áreas
como a ginecologia
natural, sexualidade,
da saúde mental”
Foto: arquivo pessoal/ divulgação
Um banho com uma erva, uma
meditação, uma aromaterapia.
Quero que essas práticas,
preservadas por um povo
que foi sequestrado de
seu território, estejam
à disposição de todas
nós em tempo integral”
Imagens: reprodução

é outra
conversa.