Fotos: arquivo pessoal

À frente do Instituto Plano
de Menina, a empreendedora
já transformou a realidade
de mais de 2 mil garotas
da periferia

Vivi Duarte:
representatividade
e oportunidade

Desde pequena, Vivi
Duarte sonhava em ser
jornalista, mas suas
condições social e
financeira a faziam
questionar essa
possibilidade

“Eu ouvia dos meus primos
e das vizinhas: ‘Sua mãe
não consegue nem pagar
o aluguel, vai conseguir
pagar faculdade?’ ou
‘Não fica sonhando alto
porque o tombo vai ser
maior’”, lembra

Nem as dificuldades
financeiras ou a gravidez
aos 19 anos impediram
que Vivi se formasse em
jornalismo – ao que se
somou uma especialização
em marketing de consumo
com foco no público feminino

Vivi e a neta, Luiza

Quando foi trabalhar em
agências de publicidade,
percebeu que as mulheres
que tinham maior poder
de consumo no Brasil
– negras e da classe C –
não eram as representadas
nas propagandas

Quando questionava,
os superiores falavam
que “o pobre não queria
ser pobre” e que “preto
era apenas para campanhas
de produtos de cesta
básica”. Uma pessoa
negra “tiraria o valor
agregado da marca”

Foi então que Vivi
fundou sua empresa,
a Plano Feminino, para
trazer representatividade
à publicidade, tanto nas
propagandas quanto dentro
das equipes

2010

A empreendedora criou o
Instituto Plano de Menina,
braço social da empresa
que auxilia meninas
de periferias de dez
estados do Brasil

2016

“Quando nascemos em um
lugar sem privilégios,
muitas pessoas à nossa
volta já estão desiludidas.
Passei a buscar meninas
talentosas, com o brilho
nos olhos que a falta de
oportunidade pode apagar”

O programa, que dura
sete meses e atende
meninas entre 12 a 22
anos, conta com workshops
sobre autoestima,
educação financeira,
empreendedorismo,
programação e
direitos humanos

Ao fim da jornada,
além de poder trabalhar
como monitoras, as
participantes são
cadastradas em um
banco de talentos que
facilita suas conexões
com as empresas

“Hoje, a principal
conquista é ver o avanço
dessas meninas. Ver elas
furarem a bolha da falta
de privilégio e ocupar
espaços na sociedade onde
elas têm autonomia para
transformar suas vidas”

O Instituto embarcou
em um novo projeto:
o Plano de Menino.
Desta vez, o objetivo
é trabalhar questões como
a masculinidade tóxica
e fazer com que eles
enxerguem sua potência

2019

Vivi e o filho, Paulo

“As meninas diziam que,
quanto mais informação
tinham, mais os meninos
ficavam violentos.
Percebemos que não
adiantava empoderar as
garotas se os garotos
continuassem sendo
vítimas do machismo”

Enquanto prepara o
lançamento de seu primeiro
livro, Vivi quer aumentar
a base de voluntários do
projeto para que ele chegue
a todos os estados do Brasil

“Eu tenho a sensação de
que hackeei o sistema.
É puxado sair de onde
saí e hoje poder empregar
pessoas, ter lugar de fala
na sociedade. A minha meta
é que cada vez mais meninas
cheguem nesse lugar”

é outra
conversa.