ENTREVISTAS: KÁTIA LESSA
fotos: Pino Gomes/Divulgação; ARQUIVO PESSOAL
ILUSTRAÇÃO: Camila Fudissaku Para romper o preconceito,
a atriz Guta Stresser e a
assistente administrativa
Vanessa Cristine dividem do
momento do diagnóstico ao dia
a dia com a doença – que não
tem cura, mas tem tratamento
vivendo com esclerose múltipla
Foi durante sua participação no
quadro Dança dos Famosos, na Globo,
que a atriz Guta Stresser, 50,
começou a notar que havia algo
errado com sua saúde. “Eu não
conseguia memorizar trechos
simples da coreografia”, lembra
"Comecei a ouvir zumbidos,
senti enrijecimento articular
e dores de cabeça. Aí achei melhor
procurar os médicos porque o tempo
poderia ser um fator importante
para o tratamento"
E foi. Passou com endócrino,
ginecologista, clínico geral,
otorrino até chegar a um
neurologista e ter diagnóstico
de esclerose múltipla confirmado
diz a atriz
"Os sintomas da Esclerose Múltipla
me ameaçaram no lugar mais estrutural.
Eu vivo da interpretação, corpo e memória
são minhas ferramentas de trabalho.
Escolhi expor meu diagnóstico para
romper o preconceito. A doença quer
te parar e você não pode deixar"
"Pensar no futuro diante de um
diagnóstico de doença neurológica
é assustador, mas comemoro pequenas
conquistas todos os dias.
É uma doença que não tem cura,
mas tem tratamento"
Foi esse o alento da assistente
administrativa Vanessa Cristine,
30, quando foi diagnosticada com
esclerose múltipla, aos 19 anos:
“Não me desesperei, não procurei
sobre a doença no Google. Perguntei
aos médicos se tinha tratamento,
eles disseram que sim e eu pedi
para começar logo”
diz ela
“A esclerose múltipla não é uma
sentença de morte. O fato de receber um
diagnóstico já é uma vitória. É com ele
que começa o tratamento para uma vida
melhor. CONHEÇO GENTE QUE ENGRAVIDA,
TEM FILHOS E ATÉ CORRE MARATONA. Nosso
corpo é forte e pode fazer maravilhas”
Para Guta Stresser, é vital
existirem mais opções de
tratamento no SUS: “Tenho uma
doença, sim, mas hoje levo a minha
vida o mais normal possível.
É possível ter qualidade de vida
quando você consegue o ‘match’
com o tratamento correto”
completa Vanessa
“‘ter opções na rede pública faz
toda a diferença. É importante
que mais e mais pessoas saibam que
existe tratamento. Convivo com a
doença, mas o que existe no imaginário
coletivo sobre ela não me define”
Até o dia 14/8 está aberta uma
consulta pública que avalia
a inclusão de uma nova opção de
tratamento para esclerose múltipla
no Sistema Único de Saúde (SUS),
gratuita, a qual pode beneficiar
milhares de pacientes
Qualquer pessoa com 18 anos ou mais
pode contribuir com opinião
“favorável” ou “desfavorável”
no site da CONITEC buscando pela
consulta pública de número 27
Acesse aqui