Imagens: reprodução

Entrevista por Denise
Meira do Amaral

Bailarina e influenciadora
que quebrou tabus ao subir
aos palcos requebrando ao
lado de Anitta humaniza
corpos gordos na internet

Thaís Carla:
A sociedade
arranca nossa
autoestima

Nascida em Nova Iguaçu, na
Baixada Fluminense, a bailarina
e influenciadora Thaís Carla
dança desde os quatro anos,
quando a mãe a colocou em
uma escolinha como uma
tentativa para perder peso
A dança virou paixão e,
por ser a única criança gorda
da turma e nunca ter visto
bailarinas com o corpo como o
seu em toda sua formação, Thaís
jurou que seria ela a fonte de
inspiração para uma nova geração
“Eu entendia que não era
igual as outras crianças.
Nunca desejei ser magra,
mas botaram na minha cabeça
que eu só poderia ser uma
bailarina de sucesso se eu
emagrecesse. Depois fui
entendendo que posso
conquistar tudo do
jeito que eu sou”
“Quando participei do
Domingão do Faustão,
aos 17 anos, as pessoas me
perguntavam: ‘Em quem você
se espelhou para dançar?’.
Eu falava: ‘Gente, em
ninguém. Você conhece
algum bailarino gordo?’”
“Você conhece algum
gordo maior de sucesso?
Não tem. O nosso corpo
gordo é muito marginalizado,
é desumano. Se você for ver,
a maioria das celebridades que
eram gordas emagrecem”
“Todos nós nascemos com
autoestima, a sociedade que
arranca isso da gente. Na época
da dança, eu me questionava:
‘Nossa, todo mundo é magro,
só eu não’. Mas sou assim
e acabou. Não é um defeito,
é como eu sou”
“Às vezes vejo algumas meninas
me ofendendo me chamando de
gorda, como SE gorda fosse
sinônimo de feia, de mulher
relaxada, de quem não gosta
de se cuidar. E não é isso.
Estou aqui para quebrar
com esse estereótipo”
Thaís conta ter sofrido
violência obstétrica e gordofobia
médica durante as gestações de
suas filhas: “Se minha pressão
estava alta, era porque estava
gorda. Se meu ouvido estava
doendo, era porque estava gorda“
“Na época, o parto de
uma pessoa magra era
R$ 5 mil. O meu, R$ 30 mil,
porque minha pressão poderia
subir, porque a neném
poderia ir para a emergência
ou eu poderia ir para a UTI.
Eles só previam o pior.
Mas nada disso aconteceu”
“Sempre lutei contra a
gordofobia, só não sabia
o nome. Fui uma pessoa pobre,
não tinha acesso à tecnologia
e vivia na bolha da dança,
onde as pessoas só falavam
em emagrecimento e vomitar.
Quando a internet entrou na
minha vida foi a virada DE CHAVE”
“As pessoas ficam alucinadas
querendo saber meu peso,
como se fosse utilidade púbLica.
Nem eu sei, elas vão saber?
Uma coisa que recomendo:
quebre a sua balança, porque
num dia você vai estar mais
inchada, no outro menos...
Nosso corpo é uma loucura.
Desde quando A FELICIDADE
É baseadA NAQUELES NÚMEROS?”

é outra
conversa.